Quem somos nós que decidimos sobre vidas? Quem somos nós que ao ver cada doente com necessidade de suporte de vida, nos fazemos continuamente a pergunta: É para investir?
Gostava que a resposta fosse só uma. Sim, investe-se em todos, sem excepção. Mas seria falta de verdade e errado dizê-lo. O estado da arte, a que a medicina chegou, permite virtualmente e manutenção artificial de uma vida por um tempo indeterminado. E com isto seriam maiores as questões éticas, profissionais, pessoais, que as respostas. Para cada doente teria de haver capacidade técnica para o seu suporte, o que seria um esforço humano (porque o económico nunca seria problema, para uma vida) sem precedentes e em última instância estar-se-ia a entrar na prática de distanásia. Até que ponto é correcto prolongar um estado de sofrimento e doença...
Não o digo sem sentir uma enorme angústia por cada um dos doentes em que esta questão se coloca. Tentamos ser um pouco superficiais, abstrairmo-nos da condição humana que somos, para o podermos fazer. No entanto, somos tão ou mais humanos que os restantes, nesta difícil tarefa que é de ajuizar sobre o investimento que se faz na vida.

Choro por cada um que parte.
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