sexta-feira, outubro 27, 2006

Conspiração do Silêncio

Alguma vez se confrontaram com alguém que perdeu um ente querido, ou com alguém que estava nos últimos momentos da sua vida? Quantos de nós fomos capaz de dizer algo que realmente fizesse alguma diferença?

Para ser honesto, em momentos de "luto", não mais consigo dizer que palavras de conforto que em grande medida nada dizem a quem perdeu tanto. É a nossa forma muito própria que encarar este momentos e que em muito fazem parte da Conspiração do Silêncio. Neste momentos é o silêncio que abarca toda a vida, e só conseguimos dizer banalidades, muitas vezes para desviar a atenção do que realmente se torna importante nestes momentos, o medo de enfrentar o fim da vida.
Nesta, como em outras tantas ocasiões, estamos habituados a fazer muito ruído, a ouvir muito barulho, mas sem que isso se transforme em palavras e comunicação eficaz, porque tudo isto faz parte da mesma conspiração.

O que podemos fazer? Eu costumo sempre dizer, aplicando o velho ditado... Se não consegues vencê-lo, junta-te a ele! Podemos assumir estes momentos com a humildade que é tão necessária, e dizer, que aqui como na nossa vida repleta de sentimentos e sensações, o que sabemos, é que nada sabemos, e oferecer com a nossa presença o silêncio, e mesmo assim sentirmo-nos orgulhosos por sermos derrotados pela sua tamanha força. Em verdade, o ser humano, tem por natureza o instinto de evitar o perigo, o medo, e a forma mais fácil de enfrentar o medo é não enfrentá-lo... E haverá medo maior que a morte, ou não havendo medo da morte, haverá medo maior que o do sofrimento? Mas mesmo aqui, é o silêncio que nos vai dá as respostas, de passarmos a terrível fase da negação e "gritar silenciosamente" Não tenho medo do medo. E é neste momento que que conseguimos a maior das vitórias e vencemos a morte acreditando que nem tudo acaba naquele mesmo segundo.

Obrigado Helena Aitken, que me fazes sentir tão pequeno com as tua espiritualidade e experiência de vida.
Dá uma oportunidade ao Silêncio e ouve o que ele tem para te dizer.

terça-feira, outubro 24, 2006

Chuva

Era para ter publicado este post, no dia certo, mas era tão óbvio na altura falar sobre isto que seria um verdadeiro pleonasmo abordar este tema...

Gosto do Outono. É para mim a estação favorita do ano. O tempo nem quente, nem excessivamente frio, é o ideal para nos sentirmos em harmonia com o meio ambiente. E nem mesmo a chuva é um impedimento para nos sentirmos bem. De facto, os dias chovosos, representam para mim o momento ideal para reflexão, para me ouvir interiormente, e encontrar um equilíbrio certa medida espiritual. As alterações próprias do Outono, são em muito parecidas com o que muitas vezes se passa connosco. Há alturas da nossa vida em que deixamos caír as folhas velhas, que por breves momentos se tornaram nas mais belas das nossas vidas, para um dia mais tarde recuperar-mos toda a nossa vida e explendor.

É bem verdade que um tempo assim, é propício a depressões, melancolias, tristezas. Mas é com estes sentimentos que mais tiro de mim, que sou mais "produtivo", talvez mesmo, com os quais mais me identifico, porque não sou, nem nunca fui uma pessoa de muita exaltação emocional. Tenho os meus momentos, mas são sobretudo os de introspecção que mais me caracterizam.
Pára um momento para olhar para dentro de ti.

quinta-feira, outubro 19, 2006

O tótó

Sou mesmo um nabo! Ontem, quando estava a cumprir mais um acto burocrático, dos muitos que se repetem, nesta fase de inscrições em tudo e mais alguma coisa, fiz asneira (com M grande, como diria o "chinês"). Como não respeitei na íntegra os conselhos do mesmo site, mantive as janelas pop-up bloqueadas. Essas chatas que se abrem espontaneamente nos momentos mais inoportunos, apesar de não ser este o caso... Ora, o que aconteceu, foi que fiz não uma, mas duas inscrições para o mesmo efeito, com os mesmos dados, unicamente com login diferente! Sou mesmo um nabo.

Estou mesmo a ver a malta do funcionalismo público que descobriu o computador recentemente, a dizer: "Olha este nabo, que não entende nada de computadores, está tão ansioso por trabalhar, que até se inscreveu duas vezes...". O que vale, é que já lhes mandei um mail a advertir para esta embrulhada! Acreditem, não é para auferir de dois ordenados, mas agora que penso nisso, até seria boa ideia trabalhar em dois hospitais. No mesmo dia, estar em Faro e Bragança. Vou clonar-me, ou digitalizar-me para uma representação virtual do meu EU, apara ajudar a acabar com a "alegada" falta de médicos no interior português! Não significa que o país teria o médico mais indicado, mas no estado da situação, qualquer "asneira" (ver em cima) como um tótó como eu serviria, desde que não fosse para piorar.
Mais um degrau subido para a velhice.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Liberdade

A minha mãe que está a dar, diariamente, grandes passos no Mundo virtual da Internet, e sorrateiramente visita o meu blog. Diz-me que está preocupada com o grau de intervencionismo social e político de alguns dos meus posts! Diz que um dia ainda vou ser descoberto pelo Governo e que irei preso pelo que critico e digo. Imagens vestigiais de muitos anos a viver na opressão de um regime totalitarista...

Ora, eu não faço mais, do que exercer o meu direito de liberdade de expressão, e não me torna muito diferente de um deputado da nação que critica um outro, só por criticar! Pois é... Tornei-me um pouco naquilo que abomino. Mas é a liberdade de crítica que alerta esses "animais" políticos saciosos de poder que algo está mal e estimula o empreendimento de mudanças. Faria críticas construtivas, se houvessem políticos responsáveis, honestos e honrosos, dignos de uma boa crítica.
Mas nos próximos tempos escreverei, sobre os passarinhos do céu, os peixinhos no mar, só para tranquilizar a minha mãe.

Finalizo hoje, com uma frase que vi "cravada" numa parede, algures em Lisboa, desde, provavelmente, o 25 de Abril de 1974...

Democracia. Liberdade de sermos escravos de quem quisermos.

sábado, outubro 14, 2006

Fuga de Cérebros

Com o acordo celebrado entre Massachusetts Institute of Technology e o Estado Português, tem-se falado novamente, na fuga de cérebros do nosso país de forma a garantir uma qualidade superior na investigação e desenvolvimento científico.
Mas não é propriamente para falar da "fuga de galinhas" que escrevo este post. Não será novidade nenhuma que este mesmo acordo daqui a um par de anos não promova nenhuma fixação de génios em Portugal, porque se não for a falta de estruturas, será a falta de publicação científica de referência.

Ora, se há fuga de cérebros do nosso país, também é mais verdade que há muita boa gente descerebrada que por cá ficou. Sobretudo nessa classe privilegiada da nossa sociedade, os políticos, tanto ditos de direita como de esquerda. A grande maioria age por instinto, irreflectidamente, como se não possuísse esse instrumento da evolução, o cérebro. No seu par de gânglios nervosos só conseguem encontrar maneira de avolumar dividendos nos seus próprios bolsos, cortando nos bolsos, de quem precisa de sobreviver, acentuando assimetrias sociais. São reformas mais baixas para quem trabalhou mais de 50 anos da sua vida (quando eles têm a sua "merecida" reforma após 8 anos de "árduo" trabalho), são ordenados mais reduzidos (quando os deles só têm uma orientação, o crescimento), são taxas e mais impostos, na saúde, educação, alimentação.

Se começarem a fixar "cérebros" no nosso país, por favor não se esqueçam de se fixar alguns deles nos cargos de administração pública.

O país precisa urgentemente de "cérebros"

sexta-feira, outubro 13, 2006

Sexta-feira 13

Hoje é sexta-feira 13. Dia que muitos acreditam de azar, de superstições... Mas onde começou toda esta crença? Quem leu o Código de Da Vinci, ficou a saber que foi o dia em que os clérigos da ordem militar-religiosa dos Templários, começaram a ser perseguidos por toda a Europa, levando-se a cabo, uma verdadeira "limpeza política".

Mas na verdade, sorte ou azar, não passam de "macaquinhos" que cada um de nós põe na cabeça. É sim, o resultado de um dia mais ou menos feliz, do empenho que colocamos nos nossos actos. Mas como diz o sábio povo: "Não acredito em bruxas, mas que as há, há!". E normalmente há sempre um fundo de verdade nestes ditados...

Sorte e azar são fruto do acaso.

Nobel da Paz

O prémio Nobel da Paz é mais um de muitos paradoxos que existem no pequeno mundo azul.
É histórico que Alfred Nobel ficou rico e famoso por desenvolver um explosivo, a Dinamite, facto que por si só, vai contra uma vivência pacífica. Paradoxalmente, o mesmo Alfie, que criou uma arma tão destrutiva decidiu nos anos finais da sua vida entregar a sua fortuna para distinguir as pessoas que no mundo promovessem o desenvolvimento da humanidade, nomeadamente na sua dimensão pacífica.

Ao longo da nossa história global, tanto antes, como sobretudo após Nobel, vários indivíduos, como nações alegaram, que com o desenvolvimento de armas cada vez mais potentes e destrutivas, que virtualmente transformariam o mundo azul em cinzento, estavam a promover a paz. O que estas pessoas sempre negligenciaram é que nunca na história mundial se conseguiu estabilidade e crescimento através de políticas do terror, de ameaça bélica.

Mas nos dias de hoje, o que realça da iniciativa de Nobel, não foi o seu génio empreendedor e de desenvolvimento técnico-científico, mas a sua coragem no incentivo a movimentos e filosofias de Paz e desenvolvimento sustentável, que procurassem dar às nações, um futuro estável de harmonia entre povos, pondo de parte guerras e o recurso a armas em detrimento do recurso a diálogo e consensos. É na perseguição de este objectivo, que cada ano é galardoado com o prémio Nobel da Paz, um indivíduo ou instituição que pela sua presença, acção ou intervenção, oferece um sonho a gerações futuras, para que se possa um dia, em cada lugar e em cada segundo, viver harmoniosamente. Nem que para tal se entre em mais alguns paradoxos...

"A pena é mais forte que a espada."

terça-feira, outubro 10, 2006

Vida Comum

Durante muito tempo vivi fascinado com a ideia Greco-latina e Renascentista do "mente sã em corpo são".
Tentei por várias vezes, em determinadas fases da minha vida, ter uma capacidade especial que me diferenciasse dos restantes, mas nunca fui além de vãs tentativas.

Tentei ser um bom músico, entrei para uma escola de música, para aprender guitarra clássica, mas, mais não consegui do que dar um desgosto à minha mãe por não ser um bom músico. Tentei ser um óptimo desportista, atletismo, basketball, ..., consegui mesmo chegar perto dos melhores, mas ficava sempre aquém dos limites mínimos para alcançar a vitória. Tentei um sem número de outras coisas tão variadas, sem nunca conseguir uma em que fosse excepcionalmente bom. Mesmo o título deste post, foi inspirado no título daquele que viria a ser o meu primeiro livro, mas até neste, eu senti que a qualidade estava muito abaixo do que eu consideraria razoável para um escritor.
Sempre pensei que pelo menos seria o melhor dos últimos...
Mas até neste aspecto, sempre fui uma pessoa comum, sem emoção na vida, sem acção, nada que valesse ser contado, imortalizado. Sou como tantos outros que na vida procuram o seu destino e talvez não se apercebam que este possa ser mais simples, do que ser um herói ou um campeão, ou que simplesmente permaneçam na obscuridade da mediatização dos seus feitos.
Não desisto é de perseguir algo em que venha a ser útil, bom naquilo que faça, sem nunca descurar o prazer que isso me possa dar.
Alturas há, em que sinto, que por fracções de segundos perdi o momento.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Zamora e o maior Português

Estava a ver televisão e não pude deixar de reparar que bastantes pessoas entrevistadas num dos telejornais nacionais, referiam que o dia de hoje, 5 de Outubro se tratava do dia da independência de Portugal. Por conhecimento de causa ou por mera "suposição festiva" (ora não se tratasse de uma folga ao trabalho), estes estavam de facto correctos. Já não há novidade nenhuma que sou não-republicano...

Foi, segundo reza a história, nem sempre exacta, que foi no dia 5 de Outubro de 1143, que esse primeiro português, conquistou pela diplomacia (não antes sem dar uma carga de porrada aos Catelhanos), o estatuto de um Portugal independente. Ora quem não conhece esta data, não é bom português, já se dizia na minha infância primária!

O que nos traz a outro assunto do momento... Apesar de não ver nem uma centésima parte da televisão que via no passado, reparei que está em processo, uma eleição do maior português de todos os tempos. Empreitada gigantesca, de passagem. Ora, porque se quer comparar o melhor carro com o melhor avião e ter que afirmar sobre qual destes é a melhor máquina.

Cada português, e digo mesmo todo e qualquer português, é o melhor. Numa ou noutra questão, numa ou noutra época. E se formos às personalidades ilustres de todos os tempos de portucalidade, embatemos num poço sem fundo de nomes. Desde o próprio Afonso Henriques, por ter "criado" a nação, por ser o primeiro portugês, até à criança que acabou de nascer e poderá bem vir a ser o maior dos cientistas, diplomatas, desportistas, etc, entre muitos outros, todos eles são dignos do nome de português.

Por isto mesmo, acho que não se esgota, com uma votação ou concurso, o estatuto de melhor português, porque senão teriamos de ir muito mais longe, para trás, no passado, muito antes à implantação da soberania de Portugal, onde um homem, apesar de não possuir uma nacionalidade definida, conferiu a partir desse mesmo momento a alma e o carisma de nos sentirmos como uma nação, como um povo com espírito próprio, mesmo apesar das mentiras que se contaram sobre ele, elevando-o ao estatuto de imortal. Falo obviamente de Viriato, que na sua época nem imaginava o que seria Portugal e mesmo assim, tornar-se-ia o maior português de todos os tempos, ou não temos nós o orgulho de nos auto-intitularmos Lusitanos (maldito "estado novo" e "mocidade lusitana" que lavou muita cabecinha).
E já agora, quem foi ou é, para ti o maior português de todos os tempos?

Cada um na sua época, e no seu contexto

quarta-feira, outubro 04, 2006

Dias de Tempestade

É uma das piores fases da minha vida.
Nunca fui uma pessoa que estudasse muito, nunca passava mais do que breves minutos seguidos de leitura "necessária", sem que tivesse a necessidade urgente de assaltar o frigorífico, ou de ver o que acontecia no pequeno mundo da caixa luminosa, o que se reflectiu em determinados momentos deste período.
Mas agora tudo é diferente. Obriguei-me desde cedo, a passar longas horas em frente ao "calhamaço", sem que isso significasse um maior tempo de leitura, mas que com o tempo foi melhorando.
Mas como qualquer ying, tem o seu yang, esta dedicação grosseira e brutal ao "calhamaço", trouxe um isolamento crescente da vida social. O ter que dizer "não" à própria vontade, o perder de relações, sem poder explicar que tudo isto tem um significado pouco lógico. Deve ser aqui que começa a fama de pouco sociável, do cidadão médico, salvo em algumas excepções, em que o são mesmo em demasia. A dedicação e retiro sazonal de algumas centenas de médicos anualmente traz as suas consequências... Uns acabam por ficar estúpidos (factor mais comum, a quem padecia, ocasionalmente, deste sintoma previamente à leitura do "calhamaço"), outros depressivos e outros completamente negligentes (o típico, seja como Deus quiser, do desespero de antecipação).

Eu devo confessar que passei por alguns destes momentos. Houve alturas em que me deixei dominar pela tristeza, o que me fez recordar momentos particularmente nostálgicos e difíceis da minha miserável vida e mesmo alturas em que praticamente desisti. Mas uma vontade interna que desconhecia, fez-me voltar a acreditar, tal fénix que renasce da cinza. E neste momento em que a conclusão desta fase se aproxima, cresce em mim um sentimento cada vez mais forte de vitória, acreditando que serei capaz de alcançar o objectivo a que inicialmente me propus, apesar de não ser, de todo, muito ambicioso. Espero não me despenhar do sonho que vi(vi).

Não encontrei nada melhor que o Optimismo para enfrentar a tempestade