terça-feira, abril 08, 2008

Sebastião da Graça

Sebastião da Graça morreu...
E com ele morrerá o matrafão, por ele criado, pouco menos de 2 anos após o começo de aquilo que começou por ser uma partilha de ideias, de pensamentos, de emoções, de um dia-a-dia de uma vida comum que de repente se transformou num espelho para a alma de um pobre de espírito, vista tantas vezes de forma exageradamente romanceada.
Quem era afinal Sebastião da Graça? Um romântico estúpido, desses que muitos dizem já haver poucos, que acreditava em muito do que não era real, que se deixava encantar por tudo aquilo que amava, se apaixonava, mas para o qual percebeu pela desilusão constante e dolorosa que vivia numa utopia, num mundo em que nada disto faz já sentido, em que o sentimento pouco vale, é menosprezado e assim se deixou caminhar para uma miséria perpétua, na qual irá habitar.

Percebi, após estes 2 anos, que tudo aquilo que aqui escrevia não eram mais que devaneios, daquelas que são as minhas lutas interiores entre dúvidas persistentes que nem sempre se encontram num equilíbrio desejado, mostrando que a minha alma se encontra tão negra como o fundo deste blog, onde já nem as palavras no seu branco de esperança se realçam...
Decidi "morrer", porque deixei de acreditar em mim, nas pessoas, perdi a fé na força do amor, das palavras, das coisas. Decidi "morrer", porque me cansei deste arrastar de vida, de lamentação contínua, de uma personagem viscosa e repetitiva, que sem saber usar as palavras julgava poder um dia tornar-se um verdadeiro escritor.

E assim é o fim, desta caminhada no matrafão, que permanecerá por aqui, como livro abandonado numa escura estante e o qual não se irá concluir jamais, deixadas em branco que ficam as suas últimas as páginas...

... FIM

Aut non tentaris, aut perfice

segunda-feira, abril 07, 2008

Molha

E a pensar que a Primavera tinha vindo para ficar, eis que ao sair do Hospital apanhei uma molha diluvial.
Só naquela do todo estiloso que se recusa a usar um guarda-chuva, assim se viu o resultado de tamanha e estúpida arrogância. O estilo foi literalmente por água abaixo, lavado que foi igualmente o espírito pela humildade que a perda de postura causou.

A chuva lava o orgulho do arrogante...

domingo, abril 06, 2008

Porquê?

Tantas vezes me pergunto, porque é que apareceste na minha vida, para depois perceber que não te posso ter... Tantas vezes me questionei sobre tudo isto, como seria, porventura bem melhor viver para sempre numa ignorância de ti, desconhecer o verdadeiro significado da palavra amor e assim continuar a viver nas ilusões que antes de ti e desde cedo criei.

Mas tudo aconteceu, naquilo que para mim parece ter sido agora como um sorridente sonho sobre a perfeição das coisas, das pessoas, da vida, com alguém que me compreendeu tão bem, mesmo melhor que eu próprio, que me conheceu inteiramente, que entrava nos meus pensamentos e os via com clareza, que dominava por completo as minhas emoções... E também por isso, estou disposto a deixar-me ir, continuar a viver como até ao momento em que continuavas para mim uma desconhecida, o fruto de uma paixoneta romântica dos tempos de estudante, lá bem longe e que já não recordava.
E as dúvidas do porquê, da razão porque me deste sequer a oportunidade de me expor tanto a ti, de nunca me teres calado sequer com um simples e sei que honesto "não sinto o mesmo por ti", ou um "ainda o amo", ficarão comigo para depois também elas partirem nessa forma de esquecimento que é a perda de afectos.
E um momento irei lamentar para sempre... Esse que nunca aconteceu e que tantas vezes imaginei, em que num beijo ardente te mostraria o tamanho inexplicável da minha paixão por ti, pela mulher que entrou abruptamente na minha vida e que abruptamente de lá saiu.

Porque és tão perfeita?

Fangio

Dou por mim frequentemente a tentar ser um Juan Manuel Fangio, a acelerar por essas estradas fora, feito louco irreconhecível, a arriscar a minha vida num acidente, que já por algumas vezes por pouco foi evitado. Os pequenos sustos desses momentos fazem-me diminuir por um breve período de tempo, para de imediato voltar a ser desumano, julgar-me superior a mim próprio, invencível e abusar a cada segundo da sorte, que um dia infortunadamente me pode abandonar.
Por isso tenho que ter maior prudência, respeitar a estrada, o carro, todas essas variáveis que por mais que queiramos, não conseguimos controlar, no estado de euforia psicótica de poderes que não se tem, mas que a todo o momento julgamos possuir.

O travão é o pedal do centro no veículo...

sábado, abril 05, 2008

Mar

Uma das coisas que mais sinto falta lá por terras de Viriato, é o mar... a água, o oceano pacífico, o poder desfrutar de uma tarde sentado na areia, a ler um bom livro, a aproveitar uma boa companhia.
Sinto saudade do azul da água, dessa sensação da areia que nos preenche os dedos, da brisa leve que nos sussurra ao ouvido, que nos vira a página do livro. Sinto falta de tudo isso. Sinto falta de ti.
Ao ver as pessoas a desfrutar do Sol, numa tarde de Verão, procurei-te, lembrei-te, imaginei-te comigo a olhar para lá do infinito, para lá do vasto oceano, num pedaço de vida em que só a felicidade é permitida.
Mas as ilusões são tantas, que depressa acordei, e após uma breve passagem pelos pontos obrigatórios de quem vai a Lisboa, parti, de volta a esse local que sem mar, sem água, sem ti, escolhi como meu e onde procuro também ser feliz.

"Quando sonho com mar ele tem..." a tua expressão.

5 estrelas

Era capaz de me habituar a esta vida de luxo! Durante dois dias senti-me parte da realeza, num hotel onde tudo está pensado para nos agradar, todos os pequenos pormenores, de uma lista imensa que seria tão difícil particularizar. Sentir-me um pacóvio que vê pela primeira vez a magia da cidade... E, sobretudo foi bom recordar bons velhos tempos, ver o luar sobre a Barra, viajar com Garret e as suas viagens na minha terra, recordar Coimbra, Lisboa, Ferreira, Serpa, Oeiras, Faro, Ovar, todos os esses locais por onde passei enquanto estudante e perceber que sou realmente míope em tudo e mesmo ao falhar o corte no Estoril, para o casino, para o hotel e ter que ir à entrada de Cascais fazer inversão da marcha, como se de uma inversão na vida se tratasse.

E assim foi o meu primeiro congresso, com estadia paga! Só houve prejuízo mesmo no casino, onde um investimento em tudo igual a um do passado, não resultou em ganho semelhantes, mas era o que seria de esperar em jogos em que sempre é a casa que ganha... E lá tive que recusar com muita tristeza uma generosa oferta de ir ver o Sporting a Alvalade, mas que por dificuldade de agenda não pude aceitar.
Mas se não fosse contra os meus princípios, contra tudo aquilo em que acredito, até seria capaz de me habituar a esta...

Vida de luxo

quinta-feira, abril 03, 2008

Prova de vida

Ainda há pessoas com coragem... Numa altura em que nalguns países surgiram novos debates sobre eutanásia, sobre um dito acabar com sofrimento de casos terminais, eis que surge uma pessoa, que assumiu o lema da vida, de se manter alegre até ao fim, num fim anunciado, mas que não o fez desistir de lutar pela sua felicidade e sobretudo pela felicidade dos que o vêem partir.
Falo-vos de Randy Pausch, um professor da Universidade de Carnegie Mellon nos Estados Unidos, que se encontra numa fase terminal de uma neoplasia pancreática e que mesmo assim teve a força e ânimo suficiente para leccionar pela sua última vez na Universidade onde dava aulas, com um tema que certamente sensibilizou todos pela sua carga emocional, "Really Achieving Your Childhood Dreams". E mais do que tudo isso está a cada dia que passa a dar uma grande lição de vida, a todos os que por uma ou outra razão abdicaram dela.


A vida vive-se até ao fim...

quarta-feira, abril 02, 2008

Reabriu

Pois é... Brincadeira de 1 de Abril! Para os que ficaram tristes por não ser um encerramento sério, podem mesmo levantar uma queixa crime contra mim, na 4ª vara da 1ª secção do tribunal cível do distrito judicial do concelho de Lisboa, se é que existe! Como poderia eu encerrar um espaço onde me faço ouvir, sobretudo para mim próprio, onde coloco um pouco do que diariamente escrevo.
Sei que na maior parte das vezes, a qualidade é tão baixa que mais valia nem "abrir a boca", ou melhor, não dar "corda aos dedos". Mas no silêncio dos meus pensamentos, que agora quase não partilho com ninguém, sobretudo contigo meu irmão que rapidamente ganhas raízes na Baviera, vejo-me diariamente com tanto para contar, com tanto para dizer, e é na escrita que encontro esse meu outro eu que tem paciência para me ouvir, que não se cansa das minhas estupidezes, que está sempre disponível para se sentar ao pé de mim e me fazer companhia.
Encontro-me por vezes nestes monólogos, que me aquecem, aconchegam, me fazem sentir útil a mim próprio, no egoísmo que guardo para dentro, num contraste de entrega lá fora, num mundo que diariamente nos quer, sem misericórdia, consumir cada vez mais.

E tanto que fica ainda assim por dizer, tanto que tenho escrito em papel, numa fase em para além de estudo, redescobri também a paixão que é deslizar uma pena sobre uma folha em branco, enchê-la de palavras soltas que rapidamente crescem e se tornam em frases adultas e completas. O prazer que dá ao ritmo de pensamentos nem sempre conexos acompanhar em escrita o que a mente vai criando. Escrever cartas sem um destinatário e guardá-las para quem sabe num passado futuro, as reler, e encontrar palavras de um Sebastião que era um louco, um idealista, um estúpido romântico que vivia uma cruel realidade com ilusões de querer ser diferente...

E assim continuarei, a expor pedaços de mim a quem estiver por aí, a mim, a ti meu irmão que sei que és o meu mais fiel "ouvinte" e a alguns outros, que por aqui passarão com maior ou menor frequência. Retalhos de uma vida descontínua, de momentos que por vezes demoram a ser revelados, mas que o silêncio que sempre fui sobre o que verdadeiramente sinto me fazem criar, neste espaço que me acompanha desde há 2 anos, nessa altura em que me passei definitivamente a partilhar na blogosfera.

Matrafão, a narrar desde 2006...

terça-feira, abril 01, 2008

Fechado

Informamos os nossos caríssimos voyeristas deste blog de conteúdo muito duvidoso, que por mandato judicial emitido pela 4ª vara da 1ª secção do tribunal civel do distrito judicial do concelho de Lisboa, este encerra no dia de hoje as suas portas... janelas, digo.
Procurai outro blog, que este por ser tão mau e pelo o autor ser um nabo, já era... Mas se a justiça é cega pode ser que um dia consiga voltar a colocar uns posts sem que ela veja, e que com a prescrição dos processos judicias ninguém me responsabilize criminalmente por o fazer.

Até um dia...