quinta-feira, julho 27, 2006

Culpa própria

Antes de partir para férias, já só faltavam os meus "bitaques" sobre o conflito no médio oriente. Não quero julgar nenhuma das partes, dizer quem, na minha opinião, tem razão ou quem a não tem. Só quero expôr na generalidade o meu ponto de vista em relação a ideias pré-concebidas e aos conflitos que existem entre povos.

Vemos frequentemente, acusações de anti-semitismo, anti-islamismo e anti-americanismo... Inúmeros antis que só têm um significado. É culpa própria destes povos, que alimentam um ódio, estabelecido sabe-se lá quando, com intenções de domínio e ostracização uns sobre os outros. Vêem na guerra o seu Deus, entrando em antítese com os ideais que dizem defender, quase sempre, de comunhão com o próximo e de solidariedade.
Na minha forma de ver o mundo, não compreendo como se pode alimentar um ódio contra outra pessoa só por ser de uma raça, credo ou ideologia diferente. Há espaço para todos nesta bola azul, para o diálogo e discussão de ideias e ideais, para o acordo e amor entre as nações. Porque o poder e "paz" que vem pelo o uso da força é efémero e está de início condenado ao fracasso.

"O amor é a força mais abstracta, e também a mais potente, que há no Mundo."
Mahatma Gandhi

quarta-feira, julho 26, 2006

Beleza

Qual a definição de beleza? Como sabemos distinguir uma coisa bela de outra menos bela ou feia?
Felizmente, cada um de nós tem o seu próprio conceito de beleza, que só em situações pontuais coincide com a de outro. Aquilo a que eu chamo, "efeito de cardume", por não representar uma idealização por nós construída, mas "induzida" por um contexto social e cultural, onde cada um se integra. Senão, como seria se todos amássemos a mesma pessoa, se gostássemos da mesma comida, do mesmo divertimento... Um completo caos, para não dizer entediante.

Cada um de nós é único no momento de atribuir um significado conceptual a um objecto ou a uma pessoa, que vai muito para além da sua representação física. E o mais natural, é considerarmos estranho a "dedicação" que alguém atribui, de vez em quando, a determinada pessoa ou objecto, porque nos limitamos a interpretar, unicamente, o modelo físico representado e não o amor investido, a gratificação recebida, o que se vê com o coração. Como se costuma dizer "quem feio ama, bonito lhe parece".

Nunca tive a percepção de ser uma pessoa bonita. E quando me dizem que o sou, associo sempre a palavras de simpatia, de conforto para escamotear a minha verdadeira aparência. Feio como um miserável calhau de estrada, ao qual se dá um pontapé por prazer. É uma espécie de dismorfia corporal que sempre me acompanhou, e que toda a vida foi criando complexos sobre a minha maneira de ser e estar. Só não é completamente uma doença, porque acabei por me conformar com o meu corpo.
No entanto, vou tentando sublimar esta forma de dismorfia, invocando constantemente, aquilo que sempre considerei como belo, como uma dádiva divina para os olhos e alma, que me fazem acreditar que existe vida para além do meu pequeno caixote e que permanece para mim como a esperança de ser um reflexo projectivo de uma pequena centelha de beleza interior. Beleza para mim, são aves num céu imenso a voar, rumo à liberdade, sobre campos verdejantes repletos de vida, os sorrisos de felicidade de crianças a quem se dá carinho, a beleza de uma mulher que se ama apaixonadamente, uma vida cheia de pequenos momentos de felicidade, que não precisamos de recordar porque nos acompanham com a sua presença constante... Tudo isto, e muito mais, é belo para mim, e não eu, que me limito a alimentar da beleza externa e da beleza dos meus sonhos, porque de beleza fui desprovido.
Verdadeira beleza é aquela que temos escondida no nosso interior e que se reflecte nos nossos actos.

segunda-feira, julho 24, 2006

Família reunida

Na sexta-feira próxima, vou dar uma voltinha, descontrair antes do estudo, que quero incansável, para o exame que nos próximos tempos vai definir a minha vida. Vou até à Alemanha, ter com o meu mano, que por lá está a trabalhar. Talvez passe também pela Áustria e se ainda houver tempo, talvez dê um pulinho rápido à República Checa...
Vou é ter que actualizar, o meu vocabulário, invocar o esquecido, Ja, Nein, Danke, Bitte, Ein, Zwei, Drei, Vier, Fünf..., assim como o meu Inglês serrano, que muito desenvolvi a ler a "grossa literatura" médica, pela qual comecei a aprender "a ser médico". Mas bom, bom, será rever mais uma vez o meu mano, na companhia dos meus pais e da minha mana, ter a família nuclear reunida, nem que seja lá pelos lados da Bavária.
Bald bis

sexta-feira, julho 21, 2006

Passou!

Quando tomei pela primeira vez conhecimento de mim, nunca pensei que este dia chegaria... De facto, na altura, nem fazia a menor ideia sobre os caminhos a trilhar para se chegar a uma profissão que sempre desejei e tomei como certa. Foram momentos de amores e desamores, alegrias e sucessos, mas também de desespero e angústia. Amigos que se criaram e agora se recordam, para sempre... Houve tempo para tudo, mas tudo passou!

Finalmente passaram-se os anos, foram exactamente 18 anos, desde esse primeiro dia de escola primária, de saco às costas, até hoje, de canudo na mão. Foi precisamente hoje, que acabei este percurso de "estudando", mas não o de "estudante", porque esse continua até ao final da vida, com as experiências adquiridas! Mas a partir daqui tudo será diferente. Acabaram os dois meses de férias, a dedicação exclusiva, para se começar uma nova etapa da vida, em que o engenho e arte se vai aperfeiçoando até ao infinito. O meu desejo mais imediato, é tratar do mundo, começando por melhorar a qualidade de vida das pessoas, da sua saúde e doença. Deixar de ser por momentos Sebastião, para ser João Semana, Hipócrates, Galeno, Avicenna, Egas Moniz, os muitos outros. Também estes aprenderam muito com os doentes e lhes deram tanto de si.

Perguntais o que sinto neste momento? Um misto entre a saudade do que ficou para trás, a segurança do "ninho" de uma cria imatura, e a vontade de andar para a frente sem limites, de me deixar levar pela aventura, pelo descobrimento, pela loucura. São anos que irei recordar para sempre. E como alguém, sabiamente disse...

"Os melhores anos são os de estudante!"

quarta-feira, julho 19, 2006

Pouco Valor

A poucos dias de acabar o curso, reparo que há lutas que nunca serão vencidas. Num dos Bancos de Urgência que tive nessa grande escola médica que é o Hospital de São José, acompanhei uma doente, que me impressionou bastante. E eu que nem sou muito impressionável, porque apesar de uma curta experiência de vida e muito menos de experiência médica, já vi um pouco de tudo.

Neste caso, o desleixo, descuido, o pouco valor que esta senhora deu à sua própria saúde, levou-a a uma situação extrema, em que a solução mais evidente seria, a amputação de todo o membro inferior esquerdo. Tudo isto, porque o estado em que se encontrava de putrefacção e isquémia, de tal modo que o membro se encontrava já colonizado por vermes com cerca de 2cm de maior eixo.

Agora a questão que se põe é… De que valem os esforços para resolver e "remediar" situações, quando o verdadeiro e correcto tratamento está na prevenção, e numa atitude activa do próprio doente para com a sua saúde. Falta neste país e em muitos outros, mesmo os ditos civilizados, uma verdadeira educação para a saúde, de forma a evitar situações como a descrita anteriormente, ou muito piores. Por isso, informe-se, aconselhe-se, vá regularmente ao seu médico assistente, porque…

Mais vale prevenir, que remediar.

segunda-feira, julho 17, 2006

Hipertermia

Mas que dias de calor se têm feito sentir. Basta uns breves minutos de exposição solar e lá começam de imediato as glândulas sudoríparas, a sua actividade para a dissipação de calor, dando-me um aspecto de quem acabou de saír debaixo de água. E por mais água que consuma, sinto a cada momento a necessidade perene de líquidos e fresco. Cheguei a ponderar a hipótese de me submergir em água, mas percebi que a nossa "evolução" nos amputou a capacidade de permanecer por longos períodos na água sem ficarmos com a pele enrugada, paradoxalmente como se estivesse mais desidratada. Também pensei dormir com a porta do frigorífico aberta, mas um pensamento mais cuidado, fez-me perceber que se tratava de um método de ar-condicionado rudimentar, nada eficaz energeticamente e muito pouco ecológico. Fiquei sem ideias para o combate a estas "chamas" que me assolam e continuei a penar deitado, durante a noite num verdadeiro reboliço na demanda por um pedaço de colchão de temperatura inferior à do meu corpo.

Como aprecio bem mais o Inverno. Nenhum frio, é frio demais, quando se tem mais um par de meias, um cobertor quentinho ou uma lareira para se acender. O frio somos nós que, quase sempre, o dominamos, enquanto que o calor nos domina, tanto fisicamente, ao ponto de sentir-mos a vontade de nos arrancar-mos da nossa própria pele, como mentalmente, tornando-nos apáticos, pouco reactivos, sem vontade de nos mexer-mos. Agora compreendo as anedotas sobre os alentejanos!
Quando é que tudo isto vai passar? Talvez se pensar nos dias de inverno em que a neve enche o parapeito da janela, lá pela serra que me viu nascer, consiga enfim descansar das batalhas infernais com a temperatura que se faz sentir. Ainda há quem acredite que...

...calor e frio, são só um "estado de espírito".

quinta-feira, julho 13, 2006

Willkommen

Há muito que te esperava! Finalmente chegaste, tu que és o novo Sebastião. Bem sei que por breves dias, mas cá estás tu para nos dar a alegria da tua presença, do teu afecto. Que saudades enormes já tinha de me ver em ti, de aturar as tuas birras, de conversar contigo meu maior amigo, de te ouvir chamar vezes seguidas pelo meu nome, até à exaustão!

Há muito que te esperava! Amanhã, no local onde os pássaros chegam e as almas se reencontram, vou-te abraçar, e que se lixe, vou-te beixar no rosto, para mostrar ao mundo o quanto gosto de ti, o quanto significas para mim, meu confidente, meu amigo, meu irmão.

Há muito que te esperava! Tenho tanto para te dizer, as minhas mágoas, as minhas tristezas, os meus sucessos, as minhas alegrias, todo e qualquer pedacinho de vida comum que vivo. Vou poder associar, por fim, a voz que ouço diariamente ao rosto que, diariamente, recordo no espelho...
Willkommen JB

quarta-feira, julho 12, 2006

Finalmente Adeus

Depois de Sábado, reparei que talvez venhas de vez em quando ao meu cantinho, e ver o que os meus dedos têm mais facilidade em exprimir do que a minha voz... os meus sentimentos.

Nesse dia, fiquei muito incomodado, e mesmo envergonhado, com o que o nosso amigo foi conseguindo "arrancar" de ti, que ambos já sabíamos, mas que eu sempre tentei e continuei a recalcar, ignorar. Mas nesse preciso momento, abri finalmente os olhos, acordei para a realidade e vi que para nós já não havia mais um presente ou futuro traçado em conjunto, mas sim um só passado que agora cessou de ser escrito. Pensava já ter ultrapassado tudo isto há muito tempo atrás, mas com a visão constante do teu sorriso, da tua maneira de estar feliz na vida, contagiante, de ti, nunca consegui mais do que suprimir os meus sentimentos e por isso sofri muitas vezes em silêncio. Então tomei a decisão de me afastar completamente de ti, deixar-te seguir a tua vida, deixar seguir a minha vida, deixar de sofrer contigo e por ti, desejando que alcances a felicidade no caminho corajoso que escolheste para a tua vida com votos tão sérios e verdadeiros. Mas não deixam de restar tantas dúvidas em mim, que certamente nunca serão esclarecidas.

Só queria pedir-te desculpa, por este meu afastamento súbito, mas foi a maneira mais simples e confortável para mim que encontrei de lidar com esta situação. É-me tão difícil dizer Finalmente Adeus. Cheguei a pensar colher todas as flores existentes no mundo, mas sei que nada é capaz de te fazer perdoar-me por esta atitude tão cobarde em abandonar o campo de batalha, de te enfrentar cara a cara. Tudo o que menos queria era distrair-te nesta fase, sempre complicada da vida, de avaliações, de final de ano. Mil vezes perdão.

"Quando se ama de verdade, nem sempre a reciprocidade é tudo. O importante é que o ser amado, esteja infinitamente Feliz."
anónimo

domingo, julho 09, 2006

Oferecem-se medalhas

Nos últimos anos, tem-se vindo a assitir a uma banalização das condecorações a atribuir a cidadãos, quer nacionais ou estrangeiros. Não quero dizer com isto que estou em total desacordo com a gratificação que é entregue a quem realmente tem valor, ou que segundo a lei orgânica das ordens honoríficas portuguesas, a distinguir "em vida ou a título póstumo, os cidadãos portugueses que se notabilizem por méritos pessoais, por feitos cívicos ou militares, ou por serviços prestados ao País".
No entanto, nos tempos que correm, parece que qualquer acto, por mais ridículo ou insignificante que seja tem direito automático a ser distinguido pelo Presidente da República. Já nem faz sentido, com os largos milhares de portugueses, que sobretudo no dia 10 de Junho de cada ano, recebe uma ordem, seja de mestre ou comendador, de Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, de Avis, de Cristo, de Sant'Iago da Espada, do Infante D. Henrique, da Liberdade, de Mérito, da Instrução Pública, do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial, ou outra qualquer, de palha ou cortiça, que se dê alguma importância a estas cerimónias e condecorações.

Das duas, uma. Ou somos um país em que mais de metade da população é composta de notáveis heróis e heroínas, e neste caso, porque não anda o país para a frente, ou está-se a "pagar" favores, com reconhecimento público, e através dos bolsos dos portugueses que servindo e lutando diariamente pelo país, recebem a sua cota parte com medidas pouco sociais de cortes orçamentais na saúde, educação, solidariedade social, despedimentos... Apertem o cinto dizem eles, ao mesmo tempo que oferecem "medalhas" a outros!
Para voltar a dar a dignidade, intrínseca, às ordens honoríficas portugueses, exige-se muita reflexão, moderação e contenção no momento da sua entrega, evitando reconhecer-se alguém que só se serviu a si próprio e aos seus interesses, e que foi espantosamente confundido com serviço ao país.

Um país cheio de heróis de pau oco

sábado, julho 08, 2006

Úlcera Péptica

Penso estar a desenvolver uma úlcera péptica. E não se deve a uma infecção por Helicobacter pylori, mas sim ao estado de ansiedade permanente causada pela "subespécie" Homo sapiens femininus.
Tudo por razões profissionais, sociais e acima de tudo por razões pessoais, passionais.
Enquanto não tiver a "coragem" suficiente, de dizer: "Não, nem amigos podemos ser...", não conseguirei tratar o aperto de estômago de que padeço. Mas primeiro terei de te respeitar, pela tua decisão, sensata, meditada e sobretudo honesta.

Porque são as mulheres tão complicadas?

sexta-feira, julho 07, 2006

Um ano depois... Tudo igual

Faz hoje, precisamente um ano, que mais uma vez o mundo assitiu, ao pior que a humanidade, ou será melhor dizer brutalidade, pode fazer. Há um ano atrás, um grupo de terroristas, invocando falsas e distorcidas crenças, teve a ousadia de tirar vida a outra pessoa. Situações a que diariamente assistimos, seja no Iraque, Estados-Unidos, Palestina, Somália, ou em outro qualquer local da pequena bola onde convivemos todos juntos.
Não coloco em causa credos, ideologias, formas de vida, até porque em várias ocasiões todos, sem excepção, cometemos erros, mas não pode, nem deve haver, nunca, fundamento para se tirar uma vida, seja por terrorismo, assassínio, ou por lei, porque cada um de nós é único e especial.
O amor, a compaixão, a entrega, deve ser o caminho...

"Se os homens fossem bondosos, verdadeiros, afáveis, íntegros e sagazes... Então teríamos o paraíso na humanidade..."
Kung-Fu-Tzu (Confúcio)

Fantasma

Quem és tu fantasma, presença constante nas minhas noites, nos meus dias, na lucidez e na loucura, que assombras a minha vida e a tornas tão custosa de trilhar? Tu, que não me dás descanso, das batalhas eternas, travadas entre a razão, de saber que és um passado que não existe já mais, e o coração, do desejo fervoroso que te vê como real. Nessa tua persistência de presença ausente, consomes tudo o que resta de mim, permanecendo a loucura, o aperto de alma, o vazio.

Já não te vejo só quando fecho os olhos, já não te sinto só quando te recordo, mas agora, todo o meu corpo te aguarda, anseia por ti, como a vida espera pela sua amada morte, numa união fatal de corpos celestes, que com a sua destruição dão origem, no seu seio a (super)nova vida.

Quem és tu, fantasma? Parte, agora que cumpriste a tua missão, de me fazer amar como nunca amei antes, que criaste em mim tamanha paixão, que torna insignificante aquela das guerras de Tróia por Helena, de Romeu e Julieta, de Pedro e Inês. Fica, mais um pouco, para que te possa continuar a admirar, a recordar.
Dá-me descanso, que a minha fraca alma e débil coração, já não suportam mais.
"Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso"
Provérbio Chinês

quarta-feira, julho 05, 2006

Final

Portugal atingiu o final... o final do sonho de ser campeão mundial de futebol em 2006. Foi um caminho cheio de sucesso, esperança, mas que teve o seu término frente à selecção francesa.
Mas nem tudo é depressão. Lembrem-se dos trabalhadores de Paços de Ferreira que não perderam os seus postos de trabalho, por Portugal não ganhar a taça. E surgiu, finalmente a oportunidade de acordar, enfrentar a realidade do panorama nacional e recomeçar de novo. Tomara houvesse tamanho empenho, e fé em melhorar o país e tornar Portugal maior, não só no domínio desportivo.

"É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas."
Liev Tolstói

segunda-feira, julho 03, 2006

Vida Selvagem

Cada vez mais, me desiludo com certas pessoas. Grande parte delas, anónimas, meros rostos de um efémere vislumbre. Mas também, umas quantas, com quem convivo diariamente.
Tudo isto, porque é evidente que a competição na espécie animal Homo sapiens, é cada vez mais feroz, e feita de forma pouco saudável, uma vez que, na minha concepção de vida, não vejo satisfação possível quando o que se alcançou na vida foi à custa de outrem. Não se trata já de simples sobrevivência, mas de eliminação, "assassínio premeditado" do próximo. No meio desta vida selvagem, o "chicoespertismo" e o "enganismo", parece vingar sem obstáculos, cabendo a cada um de nós, olhar para si próprio, num sentido auto-crítico e perceber que não se retira qualquer prazer de uma atitude menos honesta e profundamente egoísta, mas que há maior prazer na solidariedade e na partilha.

E se ficares desmotivado por te sentires como o único a mudar o mundo, acredita que as mudanças, que são necessariamente lentas, começam por pequenos actos, mais do que por palavras, mas que, no final acabam, sempre por acontecer. Sê audaz, constrói a tua "ponte" e ajuda a mudar mentalidades, vícios, o mundo...

"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes"

anónimo

domingo, julho 02, 2006

Chico

Chico era um rapaz, como os demais. Nascido no seio de uma família abastada, levava uma vida de noitadas, de vida boémia, de lutas, de mulheres, tudo o que dá prazer ao corpo. Enfim, vivia unicamente pra si.
No entanto, um dia, o chico teve uma visão, após a queda de um cavalo. Sentiu-se um grande vazio de prazer na alma. Pressentiu que tinha necessidade de mudar a sua vida, de lhe dar outro rumo, outro sentido. Começou a dedicar a sua vida inteiramente aos outros. Mas não se pense que foi só com palavras vãs, que o fez, mas sim com acções concretas, audazes e singulares, que viriam a marcar o mundo no seu tempo e para lá dele, abdicando completamente da sua rica vida, e começando a viver como e entre os pobres, e dos que mais careciam de cuidados, em perfeita comunhão com a natureza. Apelidaram-no de muitas vezes de louco, doente, corajoso, mas todos sem excepção, viam nele a honestidade e pureza dos seus actos.

É por isto, que o chico é o meu herói, um exemplo que tento todos os dias seguir, apesar de não o conseguir na sua plenitude. Mas pelo menos, tento orientar-me pelos seus princípios gerais, ostentando o tau como símbolo do meu compromisso.

"... que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar do que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado..."

S. Francisco de Assis

Pastilha

Ontem senti-me uma autêntica pastilha elástica. Daquelas que se colam à sola do sapato, à qual se dá o maior desprezo, mas que custam bastante a sair. Usado, neste caso, mastigado enquanto se tem algum sabor, e "cuspido" logo de seguida. Mas enfim... Que espero eu, afinal? Não encontrei ainda uma resposta. Mas uma coisa tenho a certeza, enquanto não a esquecer, vou continuar a martirizar-me. Acho que tenho muito de masoquista. Se ao menos fosse fácil e tivesse a força necessária para seguir em frente...
"Amo a liberdade, por isso... Deixo as coisas que amo livres... Se elas voltarem é porque as conquistei, ... Se não voltarem é porque nunca as possuí."
John Lennon