sexta-feira, junho 29, 2007

De trouxa às costas

Mais uma vez, tenho de arrumar a trouxa toda, colocá-la nos ombros e mudar de casa. Mas desta vez é como que um retrocesso, voltar para casa de família, perder um pouco de autonomia adquirida, e de certa forma, tirar autonomia a quem vai voltar a conviver comigo. Mas pagar sozinho uma casa era encargo demasiadamente pesado para um indivíduo. Não só pelos avultados gastos, como também pela ausência de alguém com quem partilhar experiências diárias, aventuras e desventuras, enfim alguém para chatear e fazer-nos lembrar que somos sociais e sociáveis, incapazes de viver harmoniosamente em solidão.

Afinal o tempo sempre pode voltar atrás!

quinta-feira, junho 28, 2007

Muro de Gaza

E eu a pensar que o médio oriente era ali para os lados do mediterrâneo oriental, bem em cima da península arábica, e eis que vejo crescer bem perto da casa onde habito em Lisboa, o muro da faixa de Gaza.
À primeira vista parece ser uma nova urbanização, mas sinceramente não sei como é que alguém idealizou a terraplanagem de terrenos, construindo mamarrachos de betão armado de à vontade 2 a 3 metros de altura. Só falta mesmo o arame farpado a encimar a parede.
E se em breve se escolherão as sete maravilhas de Portugal, esta é bem capaz de ser a mais horrenda obra deste estreito de terra ibérico.
Enfim... Engenheiros!

quarta-feira, junho 27, 2007

Compreende... Acabou

Continuo ao fim de vinte e seis anos, sem conseguir entender as mulheres. Faz agora uns meses, zanguei-me com o meu amor. Mas a saudade era tanta que, apesar da minha resistência inicial, decidi mandar a saudade embora e reencontrar-me, com essa mulher que tantas vezes e por tanto tempo me encantou.
Pensei que seria diferente, que já não te sentiria, mas perto de ti sinto-me outro, mais vivo, mais apaixonado, pela vida, por ti. Não sei que fazer. Isto não vai resultar, somos como gata com cão, como dois caminhos que em determinado momento se cruzaram, que depois se afastaram para nunca mais se encontrarem.
E por isso não entendo o interesse renascido por mim, todo esse novo flirt. Estou cada vez mais confuso e por isso decido dizer-te, para não sofrer mais do que diariamente sofro em silêncio, compreende... Acabou.

Se fosse fácil esquecer-te...

segunda-feira, junho 25, 2007

Silêncio

Tenho estado muito tempo sem postar, porque com as coisas que se tem ouvido e visto, não se pode falar sobre nada nem ninguém sem que haja um processo disciplinar, um processo de inquérito ou um processo crime.

Não conheci outros tempos, só da memória colectiva partilhada veio alguns dos desencantos de outrora, mas até parece que voltámos ao Estado Novo, em que seguíamos que nem cordeiros os mandamentos universais de um governo totalitarista, ainda mais quando vindo de partidários que tanto dizem defender a herança dos "anos de Abril".
E ao ouvir o grande Zé, não esse que dizem fazer falta, na rua, mas o original e único José Afonso, ouso gritar, como se tivesse passado, eu também, pela imposição do silêncio... Passe-se de uma vez das palavras aos actos.
Viva a liberdade de expressão.

quarta-feira, junho 20, 2007

Trabalho Infantil

Que diferença há entre uma criança que trabalhe no campo e uma que ganha a vida a fazer telenovelas, ou a ser um desportista de alta competição?

Tenho perfeita noção das minhas palavras, polémicas, levadas mesmo a um extremo de comparações, mas com convicção de que se trata de situações no fundo bem semelhantes, ora veja-se o caso da educação. Ambos acarretam inevitavelmente à perda de tempo para os estudos.
Ora, então porquê culpabilizar pais que colocam os seus filhos, na ajuda de um sustento familiar, cada vez mais difícil de obter com o precário equilíbrio diário entre receitas e despesas domésticas, e não incriminar de igual forma os pais que incentivam ao trabalho menor em telenovelas de "geração irreverente", ou em modelos espartanos de desportistas, futebolistas e afins, quando no fundo há a intenção última de explorar o rendimento que possa advir da criança. Sejamos coerentes. A ajuda infantil, o trabalho infantil sempre fez parte do dia-a-dia de todas as culturas e foi a consciencialização neo-humanista que recriminou este tipo de actuação. Não estou desta forma a defender o trabalho infantil, mas a alertar para a tomada de medidas que o evitem, e eis que surgem os mal afamados ses. Se houvesse uma política social justa, não seria preciso recorrer vezes sem conta à mão-de-obra infantil. Se houvesse incentivo à fixação da criança na escola, toda esta problemática acabaria, entre tantas outras soluções, para evitar o recurso à criança para rendimento.

Mas num ponto, acho estarmos todos de acordo... O recurso a crianças para lutar "guerras dos adulto", é que se deve abominar de todas a formas possíveis.

"Tens direito a protecção contra a exploração económica, ou seja, não deves trabalhar em condições ou locais que ponham em risco a tua saúde ou a tua educação. A lei portuguesa diz que nenhuma criança com menos de 16 anos deve estar empregada."

in carta dos Direitos da Criança – ARTIGO 32º

quarta-feira, junho 13, 2007

Lisboa à noite

Mais um Santo António passado em Lisboa! Habituado a viver de mais de perto com o São Pedro, em festas mais caseiras, é com grande surpresa que me vejo novamente no meio de Alfacinhas, com a sua sardinha e água-pé! E é interessante verificar como Lisboa ganha um novo encanto à noite, iluminada por inúmeros arraias, bancadas e vendedores de rua que nesta noite ajudam na animação geral.
E nem o facto de me ter perdido num beco em Alfama, me tira o prazer desta noite especial em Lisboa, onde o mais urbano ganha contornos do mais típico dos rurais, provincianos como por estas bandas nos chamam.
Ver se um ano vou gozar o São João ao Porto!

terça-feira, junho 12, 2007

Idade

Como seremos quando tivermos 40, 50 ou mais anos? Iremos certamente olhar para o passado, que agora presente e que passa em velocidade warp, e recordar como seria se na nossa vida tivéssemos optado por caminhos, experiências, opções diferentes.
Não tenho pressa em lá chegar, até porque não somos eternos e a longevidade rapidamente se esgota, mas deixa-me um pouco na expectativa as opções que acabarei por tomar e a vida que construirei em todos estes anos.
Mas como máquinas do tempo ainda não existem, esperarei com toda a paciência a sua chegada e continuarei a trilhar o desconhecido, tomando sempre o rumo que no momento considerar mais correcto.

“O que importa é seguir sempre em frente... Porque, para onde de quer que te virares, é sempre em frente que seguirás.”
in Jacques e o seu amo de Milan Kundera

domingo, junho 03, 2007

Histórias Infantis

Pensava que as histórias infantis de hoje em dia, não tinham qualquer base educativa e apelavam só ao espectacular, à cor, à violência... Mas como me enganei. Ao ouvir o "Winnie the Poh", fico maravilhado com a mensagem.

Parece um tanto ou pouco tonto e estúpido todo o porquê deste post, mas de facto, ainda há desenhos animados que invocam não só o recreio, mas igualmente a educação e focam os valores sociais e humanos que devemos realçar na crianças para termos uma sociedade futura de "qualidade". Não vou entrar pela questão da "juventude rasca" ou expressões equivalentes, até porque as pessoas mudam, sobretudo quando atingem a vida adulta. Foi assim com os nossos avós, pais, nós e será com os nossos filhos. Mas é com uma boa base educacional que essas mudanças se fazem de forma mais serena (ia dizer tranquilidade, mas lembrei-me do Paulo Bento), evitando conflitos interiores, criando maior harmonia pessoal e colectiva.
O que lamento realmente é que este tipo de expressão infantil seja cada vez mais rara e considerada com falta de interesse por parte de alguns pais, mas com o rejuvenescimento do Noddy, Bob o Construtor e Winnie the Pooh, entre outros, levanta-se um véu de esperança, no sombrio futuro que todos nós ajudámos a implementar, com o desenvolvimento e estado de vida adquirido, e que agora se torna urgente melhorar, para não dizer mesmo salvar.
"- Pooh, tenho uma coisa para te contar.
- É alguma coisa boa?
- Eu acho que não.
- Então pode esperar...
- Pode? Por quanto tempo?
- Para toda a vida!"
Winnie the Pooh e Christopher Robin