quarta-feira, dezembro 20, 2006

Alívio

Queria escrever este post, antes que se soubesse a chave provisória do exame de ontem, para não condicionar a minha reflexão!

Assim, é com grande alívio, mas não sem grandes cefaleias no "pós-exame imediato", que digo, já passou... Já me livrei (livrámos) do pesadelo que, sobretudo nos últimos dias, nos andava a atormentar, a tirar o efeito regenerador do sono, o apetite voraz dos aromas gastronómicos... Por isso nesta noite o sono foi maravilhoso, como não tinha há muitos meses, e mesmo ontem o apetite voltou e tudo parece estar a regressar ao normal. O mesmo acontece com o "leito ungueal do primeiro dedo bilateral" (por outras palavras o canto da unha do polegar!), que vou deixar em paz, após a agressividade desproporcionada que lhe aplicava durante o estudo.
Mas numa de "euforia intoxicante" quase etanólica, queria agradecer a todos os que acreditam em mim e me deram o seu apoio, e o expressaram pelo telefone ou mensagens, gosto muito de vocês todos, ao Sol, por ter aquele aspecto fantástico no dia de ontem e que muito ajudou a elevar o espírito, não podia viver sem ti, aos "vigilantes", porque conseguiram momento antes do exame, quebrar o gelo e suavizar a ansiedade, tranquilizando-nos, obrigado, a todos os colegas, prova viva de que é possível ultrapassar o drama, força, e ao Mundo geral e particular, adoro-te!

O pior já passou... penso eu de que...

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Falta pouco

Desde que criei o Blog, não me lembro de ter ficado em silêncio "literário" tanto tempo como até agora. Mas todo este silêncio tem uma razão muito simples.

Estou completamente com a "corda ao pescoço". Poucos dias e o conhecimento teima em não entrar na tola. Não sei se deva chamar conhecimento ou mais correctamente "marranço", porque a partir do momento que numa questão pedem para optar por uma hipótese, neste caso a verdadeira que a prevalência de DII, na população americana é de 20%, na população europeia é de... bla bla bla, ou coisa assim parecida, nada mais há a argumentar.
Como diria um colega que está como eu e tantos outros na mesma situação, não sei onde está o nível de conhecimento que um médico generalista deve ter. A meu ver, e a perder a pouca esperança que me resta, a única certeza que tenho, é que é impossível "infiar" tudo o que é passível de ser perguntado na memória, leia-se 2, 3 ou mesmo 100 vezes.

E só para alimentar um pouco aquilo que vou apelidar de polémicas de "fase aguda", se soubesse na altura certa o que sei hoje, tinha feito o curso pelo exército, onde me davam dormida, comida, livros e roupa lavada, ordenado por estudar e ainda por cima, no final poderia escolher de livre e espontânea vontade a especialidade para onde queria ir...

Aconteça o que acontecer, depois tudo passará.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Por detrás da segurança

Quando acabamos de saír de um curso como o de Medicina, as pessoas que nos rodeiam vêem em nós "pau para toda a obra", a solução para todos os seus problemas de saúde. E o principal cuidado que tento ter, nestes momentos, é dar conselhos para problemas banais, como se fossem a melhor solução do mundo, ou indicar a consulta de um médico mais experiente se fôr quando é o caso. É por isso que, um pouco contra a minha vontade, tenho acompanhado nos últimos tempos, uma pessoa e os seus problemas, que para surpresa minha tem dado alguns frutos. Aqui se prova o elevado grau de eficácia do efeito placebo sobre o tratamento de doenças, sobretudo em doenças como estas, do foro psicológico. E tudo isto com o exame a aproximar-se, e a euforia optimista a esvanecer-se...

À primeira vista, não parecia uma pessoa que tivesse muitos problemas. Aparentemente segura de si, com sucesso na vida profissional e pessoal, mas que me confessou ter ocasionalmente, aquilo que enterpretei como ataques de pânico. Em certas ocasiões, tinha fobia de se encontrar sozinha no meio da multidão, ou em outras ocasiões fobia de estar sozinha... Tinha inclusivamente consultado alguns médicos, desde clínicos gerais até psiquiatras. E se não soubesse como isto funcionava ficaria surpreendido que o tratamento aplicado era somente um punhado de fármacos, que acabavam quase sempre por sortir um efeito mínimo.

Na minha ingenuidade, perante um problema que parecia condicionar muito a actividade desta pessoa, optei por uma espécie de psicoterapia, em que tentámos encontrar situações que garantissem "segurança" durante as crises e proporcionar momentos de introspecção, em que o sentir da respiração oferecesse um sentimento de controlo próprio. Acho que é no que baseia o Yôga.

Para ser sincero, eu próprio exercito um pouco desta última "técnica", para me concentrar. E se soubesse que me tornaria tão bom ouvinte teria optado pelo sacerdócio, o outro, o verdadeiro, não o da medicina! O mal é gostar tanto de mulheres, que interferiria de certo com a profissão...

As pessoas têm necessidade urgente de serem ouvidas.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Reagrupar

Aproveitei os últimos dias para uma espécie de vacances, de forma a reagrupar energias para a "última caminhada".
De momento não me arrependo minimamente dos dias de folga (folga ou férias, como queiram), fizeram-me mesmo bem, sinto-me mais fresco, como se iniciasse um novo ano lectivo. Mas espero poder dizer o mesmo no dia 19 de Dezembro por volta das 19 horas!

Antes das merecidas férias, sentia-me capaz de fazer já o mal fadado exame, não porque me sentia preparado, mas por uma simples vontade de acabar rapidamente com o "sofrimento", tal qual eutanásia intelectual, mas com um sentimento misto de esperança, para que o tempo parasse e me desse a oportunidade de impinar mais alguns pormenores de ocasião. Na quarta feira passada, fiquei mesmo esperançado que num envelope que era entregue com o certificado, viesse, no mínimo a resolução do exame de Dezembro, mas infelizmente era mais do mesmo... O livro de curso em formato digital! Mas recordando um comentário de uma colega, de que seriam as nossas conquistas diárias se não envolvessem algum sacrifício, algum factor "surpresa", tornando-as mais apetitosas, ou se calhar não!

Mas estou em espírito de renascimento, numa "boa onda" e nada neste momento me vai fazer desacreditar que é possível até fazer o pleno (100/100), pois este exame é como o futebol e aplicando a linguagem do futebolês, dando 110% de nós vamos conseguir obter os três pontos, porque já se sabe que quem joga para empatar acaba por perder... Mas prognósticos só final do jogo!

"Força nas canetas, deixem-se de tretas

Que isto é futebol total!"

quinta-feira, novembro 16, 2006

Maldito bicho

E eu a pensar que ia ter uma noite calma! Quem julgar que com o tempo mais fresco, desapereceram igualmente esses parasitas enviados pelo inferno, para nos atormentar o sono, desengane-se, porque eles andam por aí... Malditas Melgas (Anopheles, Aedes, ou raios que os partam)!

Não há, quer dizer, não pode haver nada mais irritante do que o som agudo, "gnhiiii", de uma melga a zombar junto dos nossos ouvidos enquanto tentamos descansar, e qualquer movimento que tentemos fazer pareça um esforço de titãs para levantar um braço que seja, ou muito menos acender a luz e tentar surpreender esse maldito bicho, obrigando-nos a "acordar" de um sonho fantástico. Pois a minha noite foi assim.
Várias foram as tentativas para apanhar em flagrante delito o arguido. Recorri incessantemente, umas milhares de vezes, à velha técnica de acender a luz e levantar-me num ápice para ver se o via, cheguei mesmo a um ponto de tentar ignorar o seu som, deixar-me picar pelo bicho, para ver se com a sua saciedade me abandonava, mas descobri que nunca fica satisfeito, mais não seja para continuar a atormentar com a sua presença. Parece que todo aquele som é propositado, que não vem das suas asas, mas sim que possui um assobio só para gozo.
Cheguei mesmo a um ponto, em que pensei que tudo se tratava de mais um surto psicótico, com alucinações auditivas, que me levariam ao desespero, e eis que sem aviso prévio, ao acender a luz naquela que dizia para mim próprio que seria a última vez, lá estava ela, gordinha que nem uma vaca acabadinha de sair do pasto, satisfeita por consumir parte de mim, e sem aviso, totalmente insconsciente, "táz", lá ficou mais uma melga esmagada contra a parede. Mas até na morte, as melga continuam a ser chatas... A quantidade de sangue que tinha sugado, ficou naquele momento a borrar a parede, obrigando-me a limpar no dia seguinte o local da sua jazida. RIP Foi uma batalha feroz, em que fiquei com algumas maleitas que recordarei, na semana que se aproxima, mas no final, prevaleceu a supremacia do mais forte (ou não).

E tudo isto numa noite em que tive, forçosamente de me levantar às 4h da manhã para levar o meu irmão ao aeroporto, que parte para mais uma das suas inesquecíveis viagens de negócios! Que rico sono!
Família dos Culicidae. O mais irritante dos bichos

quarta-feira, novembro 15, 2006

Meeting again

Não sei que cara hei-de levar... Talvez a de uma pessoa cansada de tudo, arrasada pelo estudo, com umas olheiras até aos joelhos e uma barba até aos pés, ou talvez a do eterno bem-disposto, que não se deixa afectar por nada, sempre alegre, mesmo nos momentos mais difíceis!

De qualquer forma, pouco importa, uma vez que não alimento esperanças em rever algumas (a maioria) das pessoas que comigo vão partilhar esse momento "festivo" de entrega de um documento à muito recebido. Mas como costumo dizer, por estas alturas, sempre serve para dar alimento a muito malandro que por ocasiões como esta vêm à faculdade saciar o seu instinto de comilões e sociopatas, usurpando o rendimento alheio, de bolsas que cada vez mais custam a pagar. Tudo isto só é suavizado com o esplendor da visão de uma sala dos actos grandes, majestosa, digna do nome, que muitos já viu chegar e partir, em busca daquele que foi o sonho original, o de vencer a doença e morte.

A todos os colegas desejo felicidade

sexta-feira, novembro 10, 2006

São Martinho

Amanhã é dia de São Martinho. Na primária contaram-me a lenda deste santo, enquanto saboreávamos umas quentes e boas castanhas!

Num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado romano, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante e gelada.
S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, poisou a sua mão carinhosamente na do pobre e, em seguida, como não tinha mais para dar, pegou na sua espada e cortou ao meio a sua capa de militar, dando metade ao mendigo.
E, apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Estio inundou a terra de luz e calor.
Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a benção dum sol quente e miraculoso, o Verão de São Martinho.

E não te esqueças que... No dia de São Martinho, vai à Adega e prova o vinho!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Serrania

Vou aproveitar o inesperado Verão de São Martinho e fazer um retiro pela Serra. Abstrair-me do ruído da cidade, da confusão, libertar-me dos luxos urbanos. Pegar nas botas de montanha, na enxada e trabalhar um pouco a terra. Diz-se por cá em tom de sátira, que "mais vale uma mão inchada do que uma enxada na mão", mas por vezes sabe realmente bem libertar alguma da tensão que se acumula, na terra que agradece o mau trato. Trago comigo só o meu "pesado amigo" dos últimos tempos. Pode ser que mesmo aqui lhe possa dedicar algum do meu tempo.

Mas não é preciso trabalhar a terra para se estar em contacto profundo com a natureza... O que gosto mesmo é de ouvir e sentir a brisa que sussurra levemente no ouvido, o canto dos tenores alados, a paz que tudo isto me transmite. É vulgar dizer que não há palavras para descrever tanta harmonia, e por isso é que vos convido, a trocar um dia de civilização por um passeio pela serra, pelo campo, pela "província" (como se diz na capital) e sentir que voltarão diferentes, mais soltos, melhores com vós mesmos!
Serrano! Com muito gosto!

terça-feira, novembro 07, 2006

Hoje em dia

Ando mesmo cansado. Hoje em dia, já nada parece como dantes. Os dias mais curtos, servem de desculpa para um esgotamento cada vez mais precoce das reservas de energia diárias, que tanto procuro para combater a falta de motivação para continuar o estudo. Sinto que estou cada vez mais vazio de sentimentos que outrora abundavam e que expontaneamente se libertavam de mim e que agora são um acaso raro no dia-a-dia exaustivo. Receio perder o norte do objectivo primordial de toda esta caminhada cheia de obstáculos, ajudar.

Lembram-se da última vez que com o vosso sorriso fizeram alguém sentir-se mais feliz, mais vivo?! Pois são esses momentos que constroem um mundo melhor, são esses pequenos gestos de puro altruísmo que nos fazem acreditar que afinal há esperança, e me fazem reflectir sobre qual o verdadeiro sentido de tanta luta... Em Setembro vi-me a "julgar" uma atitude de entrega, que me criou alguma estranheza pelo seu timing. Mas estou agora totalmente convencido que não somos nós que determinamos o momento certo para este tipo de acções, elas simplesmente surgem e cabe a cada um de nós agarrá-las como oportunidades únicas que são.
É certamente o que fazem os milhares de voluntários que no país ou estrangeiro contribuem para um só mundo melhor, e que mesmo sabendo os riscos que correm, inclusivé colocar a sua própria vida como preço a pagar pela sua dedicação, continuam a sua batalha dária. Há cerca de um mês atrás, quando alguns "voluntários" foram mortos num país africano, um deles, mesmo antes do último suspiro de vida disse de forma corajosa: "Eu perdoo-os...". Deve ser por África parecer um enorme coração que tantos de nós, querendo voltar às origens da humanidade, se sente vocacionado a partir e ajudar.

Será que um dia teria a capacidade de manifestação de tanto amor? Para desgosto próprio, com a ilusão que querer vir a ser alguém que trabalhe para os outros, vejo-me diariamente a olhar para o umbigo, numa atitude paradoxal entre o desejo e concretização. Todos os dias acordo e digo, quero mudar...

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido. Não na vitória propriamente dita."

(Mahatma Gandhi)

segunda-feira, novembro 06, 2006

O Emigrante

E lá voltou ele mais uma vez. As saudades já se avolumavam sem espaço para mais e pensei mesmo em comprar mais uma camioneta para as acomodar. O emigrante da família, que sem perder o seu pé em Portugal, se mantém lá pelos lados da Baviera, a fazer companhia ao urso Bruno. Vem cheio de novidades, a maior delas, a possibilidade de ir um par de semanas para a cidade com a ponte irmã de Lisboa, São Francisco, mais propriamente para Los Gatos, no local sito ao Vale do Silicone (talvez uma evocação à "actriz" Pamela).

Mas, a verdade é que vem muito emigrante... Cheio de dinheiro no bolso, e sempre disposto a abanar a nota para pagar tudo e mais alguma coisa. Só lhe falta mesmo a camisa com motivos florais, semi-aberta por cima com a pelugem e o ouro a querer saltar para a vista de quem olha! Diz que não pensa no pé-de-meia, por agora. Parece que nunca ouviu a história da formiga e da cigarra.

Mas ouve lá! Cá por Portugal somos pobrezinhos, ganhamos pouco, mas somos muito orgulhosos, oh magano, e assim é que nos sentimos felizes, na nossa "miséria".

Mas felizmente continuas o mesmo e por isso é que gostamos muito de ti!

quinta-feira, novembro 02, 2006

Os Putos

Que grande cultura que importámos... Se fosse uma forma de arte, uma boa comida, um estilo arquitectónico, mas não, de maneira completamente adulterada, adoptámos uma tradição de destruição de propriedade alheia.
As crianças, durante a noite de Halloween, na sua inocência, vão a casa das pessoas e não destinguem o conceito de doçura ou travessura e aplicam a conjunção coordenada copulativa "e" em vez da conjunção disjuntiva "ou", e lá praticam a sua travessura, mesmo após o pagamento da prometida doçura. Seus pequenos grandes cabeçudos! Já não vos bastava o Carnaval para a diversão em que ninguém leva a mal?
E tudo isto lá me valeu um carro cheio de farinha, uma porta com ovos, e os bolsos vazios dos doces da casa...
Esta seria uma boa oportunidade para ensinar às pequenas criaturas o sentido de compromisso, responsabilidade e acima de tudo respeito. Sem descurar, obviamente, a vertente lúdica deste dia... ou noite.

Agora que me sinto cada vez mais velho, é de se dizer... Esta juventude!

sexta-feira, outubro 27, 2006

Conspiração do Silêncio

Alguma vez se confrontaram com alguém que perdeu um ente querido, ou com alguém que estava nos últimos momentos da sua vida? Quantos de nós fomos capaz de dizer algo que realmente fizesse alguma diferença?

Para ser honesto, em momentos de "luto", não mais consigo dizer que palavras de conforto que em grande medida nada dizem a quem perdeu tanto. É a nossa forma muito própria que encarar este momentos e que em muito fazem parte da Conspiração do Silêncio. Neste momentos é o silêncio que abarca toda a vida, e só conseguimos dizer banalidades, muitas vezes para desviar a atenção do que realmente se torna importante nestes momentos, o medo de enfrentar o fim da vida.
Nesta, como em outras tantas ocasiões, estamos habituados a fazer muito ruído, a ouvir muito barulho, mas sem que isso se transforme em palavras e comunicação eficaz, porque tudo isto faz parte da mesma conspiração.

O que podemos fazer? Eu costumo sempre dizer, aplicando o velho ditado... Se não consegues vencê-lo, junta-te a ele! Podemos assumir estes momentos com a humildade que é tão necessária, e dizer, que aqui como na nossa vida repleta de sentimentos e sensações, o que sabemos, é que nada sabemos, e oferecer com a nossa presença o silêncio, e mesmo assim sentirmo-nos orgulhosos por sermos derrotados pela sua tamanha força. Em verdade, o ser humano, tem por natureza o instinto de evitar o perigo, o medo, e a forma mais fácil de enfrentar o medo é não enfrentá-lo... E haverá medo maior que a morte, ou não havendo medo da morte, haverá medo maior que o do sofrimento? Mas mesmo aqui, é o silêncio que nos vai dá as respostas, de passarmos a terrível fase da negação e "gritar silenciosamente" Não tenho medo do medo. E é neste momento que que conseguimos a maior das vitórias e vencemos a morte acreditando que nem tudo acaba naquele mesmo segundo.

Obrigado Helena Aitken, que me fazes sentir tão pequeno com as tua espiritualidade e experiência de vida.
Dá uma oportunidade ao Silêncio e ouve o que ele tem para te dizer.

terça-feira, outubro 24, 2006

Chuva

Era para ter publicado este post, no dia certo, mas era tão óbvio na altura falar sobre isto que seria um verdadeiro pleonasmo abordar este tema...

Gosto do Outono. É para mim a estação favorita do ano. O tempo nem quente, nem excessivamente frio, é o ideal para nos sentirmos em harmonia com o meio ambiente. E nem mesmo a chuva é um impedimento para nos sentirmos bem. De facto, os dias chovosos, representam para mim o momento ideal para reflexão, para me ouvir interiormente, e encontrar um equilíbrio certa medida espiritual. As alterações próprias do Outono, são em muito parecidas com o que muitas vezes se passa connosco. Há alturas da nossa vida em que deixamos caír as folhas velhas, que por breves momentos se tornaram nas mais belas das nossas vidas, para um dia mais tarde recuperar-mos toda a nossa vida e explendor.

É bem verdade que um tempo assim, é propício a depressões, melancolias, tristezas. Mas é com estes sentimentos que mais tiro de mim, que sou mais "produtivo", talvez mesmo, com os quais mais me identifico, porque não sou, nem nunca fui uma pessoa de muita exaltação emocional. Tenho os meus momentos, mas são sobretudo os de introspecção que mais me caracterizam.
Pára um momento para olhar para dentro de ti.

quinta-feira, outubro 19, 2006

O tótó

Sou mesmo um nabo! Ontem, quando estava a cumprir mais um acto burocrático, dos muitos que se repetem, nesta fase de inscrições em tudo e mais alguma coisa, fiz asneira (com M grande, como diria o "chinês"). Como não respeitei na íntegra os conselhos do mesmo site, mantive as janelas pop-up bloqueadas. Essas chatas que se abrem espontaneamente nos momentos mais inoportunos, apesar de não ser este o caso... Ora, o que aconteceu, foi que fiz não uma, mas duas inscrições para o mesmo efeito, com os mesmos dados, unicamente com login diferente! Sou mesmo um nabo.

Estou mesmo a ver a malta do funcionalismo público que descobriu o computador recentemente, a dizer: "Olha este nabo, que não entende nada de computadores, está tão ansioso por trabalhar, que até se inscreveu duas vezes...". O que vale, é que já lhes mandei um mail a advertir para esta embrulhada! Acreditem, não é para auferir de dois ordenados, mas agora que penso nisso, até seria boa ideia trabalhar em dois hospitais. No mesmo dia, estar em Faro e Bragança. Vou clonar-me, ou digitalizar-me para uma representação virtual do meu EU, apara ajudar a acabar com a "alegada" falta de médicos no interior português! Não significa que o país teria o médico mais indicado, mas no estado da situação, qualquer "asneira" (ver em cima) como um tótó como eu serviria, desde que não fosse para piorar.
Mais um degrau subido para a velhice.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Liberdade

A minha mãe que está a dar, diariamente, grandes passos no Mundo virtual da Internet, e sorrateiramente visita o meu blog. Diz-me que está preocupada com o grau de intervencionismo social e político de alguns dos meus posts! Diz que um dia ainda vou ser descoberto pelo Governo e que irei preso pelo que critico e digo. Imagens vestigiais de muitos anos a viver na opressão de um regime totalitarista...

Ora, eu não faço mais, do que exercer o meu direito de liberdade de expressão, e não me torna muito diferente de um deputado da nação que critica um outro, só por criticar! Pois é... Tornei-me um pouco naquilo que abomino. Mas é a liberdade de crítica que alerta esses "animais" políticos saciosos de poder que algo está mal e estimula o empreendimento de mudanças. Faria críticas construtivas, se houvessem políticos responsáveis, honestos e honrosos, dignos de uma boa crítica.
Mas nos próximos tempos escreverei, sobre os passarinhos do céu, os peixinhos no mar, só para tranquilizar a minha mãe.

Finalizo hoje, com uma frase que vi "cravada" numa parede, algures em Lisboa, desde, provavelmente, o 25 de Abril de 1974...

Democracia. Liberdade de sermos escravos de quem quisermos.

sábado, outubro 14, 2006

Fuga de Cérebros

Com o acordo celebrado entre Massachusetts Institute of Technology e o Estado Português, tem-se falado novamente, na fuga de cérebros do nosso país de forma a garantir uma qualidade superior na investigação e desenvolvimento científico.
Mas não é propriamente para falar da "fuga de galinhas" que escrevo este post. Não será novidade nenhuma que este mesmo acordo daqui a um par de anos não promova nenhuma fixação de génios em Portugal, porque se não for a falta de estruturas, será a falta de publicação científica de referência.

Ora, se há fuga de cérebros do nosso país, também é mais verdade que há muita boa gente descerebrada que por cá ficou. Sobretudo nessa classe privilegiada da nossa sociedade, os políticos, tanto ditos de direita como de esquerda. A grande maioria age por instinto, irreflectidamente, como se não possuísse esse instrumento da evolução, o cérebro. No seu par de gânglios nervosos só conseguem encontrar maneira de avolumar dividendos nos seus próprios bolsos, cortando nos bolsos, de quem precisa de sobreviver, acentuando assimetrias sociais. São reformas mais baixas para quem trabalhou mais de 50 anos da sua vida (quando eles têm a sua "merecida" reforma após 8 anos de "árduo" trabalho), são ordenados mais reduzidos (quando os deles só têm uma orientação, o crescimento), são taxas e mais impostos, na saúde, educação, alimentação.

Se começarem a fixar "cérebros" no nosso país, por favor não se esqueçam de se fixar alguns deles nos cargos de administração pública.

O país precisa urgentemente de "cérebros"

sexta-feira, outubro 13, 2006

Sexta-feira 13

Hoje é sexta-feira 13. Dia que muitos acreditam de azar, de superstições... Mas onde começou toda esta crença? Quem leu o Código de Da Vinci, ficou a saber que foi o dia em que os clérigos da ordem militar-religiosa dos Templários, começaram a ser perseguidos por toda a Europa, levando-se a cabo, uma verdadeira "limpeza política".

Mas na verdade, sorte ou azar, não passam de "macaquinhos" que cada um de nós põe na cabeça. É sim, o resultado de um dia mais ou menos feliz, do empenho que colocamos nos nossos actos. Mas como diz o sábio povo: "Não acredito em bruxas, mas que as há, há!". E normalmente há sempre um fundo de verdade nestes ditados...

Sorte e azar são fruto do acaso.

Nobel da Paz

O prémio Nobel da Paz é mais um de muitos paradoxos que existem no pequeno mundo azul.
É histórico que Alfred Nobel ficou rico e famoso por desenvolver um explosivo, a Dinamite, facto que por si só, vai contra uma vivência pacífica. Paradoxalmente, o mesmo Alfie, que criou uma arma tão destrutiva decidiu nos anos finais da sua vida entregar a sua fortuna para distinguir as pessoas que no mundo promovessem o desenvolvimento da humanidade, nomeadamente na sua dimensão pacífica.

Ao longo da nossa história global, tanto antes, como sobretudo após Nobel, vários indivíduos, como nações alegaram, que com o desenvolvimento de armas cada vez mais potentes e destrutivas, que virtualmente transformariam o mundo azul em cinzento, estavam a promover a paz. O que estas pessoas sempre negligenciaram é que nunca na história mundial se conseguiu estabilidade e crescimento através de políticas do terror, de ameaça bélica.

Mas nos dias de hoje, o que realça da iniciativa de Nobel, não foi o seu génio empreendedor e de desenvolvimento técnico-científico, mas a sua coragem no incentivo a movimentos e filosofias de Paz e desenvolvimento sustentável, que procurassem dar às nações, um futuro estável de harmonia entre povos, pondo de parte guerras e o recurso a armas em detrimento do recurso a diálogo e consensos. É na perseguição de este objectivo, que cada ano é galardoado com o prémio Nobel da Paz, um indivíduo ou instituição que pela sua presença, acção ou intervenção, oferece um sonho a gerações futuras, para que se possa um dia, em cada lugar e em cada segundo, viver harmoniosamente. Nem que para tal se entre em mais alguns paradoxos...

"A pena é mais forte que a espada."

terça-feira, outubro 10, 2006

Vida Comum

Durante muito tempo vivi fascinado com a ideia Greco-latina e Renascentista do "mente sã em corpo são".
Tentei por várias vezes, em determinadas fases da minha vida, ter uma capacidade especial que me diferenciasse dos restantes, mas nunca fui além de vãs tentativas.

Tentei ser um bom músico, entrei para uma escola de música, para aprender guitarra clássica, mas, mais não consegui do que dar um desgosto à minha mãe por não ser um bom músico. Tentei ser um óptimo desportista, atletismo, basketball, ..., consegui mesmo chegar perto dos melhores, mas ficava sempre aquém dos limites mínimos para alcançar a vitória. Tentei um sem número de outras coisas tão variadas, sem nunca conseguir uma em que fosse excepcionalmente bom. Mesmo o título deste post, foi inspirado no título daquele que viria a ser o meu primeiro livro, mas até neste, eu senti que a qualidade estava muito abaixo do que eu consideraria razoável para um escritor.
Sempre pensei que pelo menos seria o melhor dos últimos...
Mas até neste aspecto, sempre fui uma pessoa comum, sem emoção na vida, sem acção, nada que valesse ser contado, imortalizado. Sou como tantos outros que na vida procuram o seu destino e talvez não se apercebam que este possa ser mais simples, do que ser um herói ou um campeão, ou que simplesmente permaneçam na obscuridade da mediatização dos seus feitos.
Não desisto é de perseguir algo em que venha a ser útil, bom naquilo que faça, sem nunca descurar o prazer que isso me possa dar.
Alturas há, em que sinto, que por fracções de segundos perdi o momento.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Zamora e o maior Português

Estava a ver televisão e não pude deixar de reparar que bastantes pessoas entrevistadas num dos telejornais nacionais, referiam que o dia de hoje, 5 de Outubro se tratava do dia da independência de Portugal. Por conhecimento de causa ou por mera "suposição festiva" (ora não se tratasse de uma folga ao trabalho), estes estavam de facto correctos. Já não há novidade nenhuma que sou não-republicano...

Foi, segundo reza a história, nem sempre exacta, que foi no dia 5 de Outubro de 1143, que esse primeiro português, conquistou pela diplomacia (não antes sem dar uma carga de porrada aos Catelhanos), o estatuto de um Portugal independente. Ora quem não conhece esta data, não é bom português, já se dizia na minha infância primária!

O que nos traz a outro assunto do momento... Apesar de não ver nem uma centésima parte da televisão que via no passado, reparei que está em processo, uma eleição do maior português de todos os tempos. Empreitada gigantesca, de passagem. Ora, porque se quer comparar o melhor carro com o melhor avião e ter que afirmar sobre qual destes é a melhor máquina.

Cada português, e digo mesmo todo e qualquer português, é o melhor. Numa ou noutra questão, numa ou noutra época. E se formos às personalidades ilustres de todos os tempos de portucalidade, embatemos num poço sem fundo de nomes. Desde o próprio Afonso Henriques, por ter "criado" a nação, por ser o primeiro portugês, até à criança que acabou de nascer e poderá bem vir a ser o maior dos cientistas, diplomatas, desportistas, etc, entre muitos outros, todos eles são dignos do nome de português.

Por isto mesmo, acho que não se esgota, com uma votação ou concurso, o estatuto de melhor português, porque senão teriamos de ir muito mais longe, para trás, no passado, muito antes à implantação da soberania de Portugal, onde um homem, apesar de não possuir uma nacionalidade definida, conferiu a partir desse mesmo momento a alma e o carisma de nos sentirmos como uma nação, como um povo com espírito próprio, mesmo apesar das mentiras que se contaram sobre ele, elevando-o ao estatuto de imortal. Falo obviamente de Viriato, que na sua época nem imaginava o que seria Portugal e mesmo assim, tornar-se-ia o maior português de todos os tempos, ou não temos nós o orgulho de nos auto-intitularmos Lusitanos (maldito "estado novo" e "mocidade lusitana" que lavou muita cabecinha).
E já agora, quem foi ou é, para ti o maior português de todos os tempos?

Cada um na sua época, e no seu contexto

quarta-feira, outubro 04, 2006

Dias de Tempestade

É uma das piores fases da minha vida.
Nunca fui uma pessoa que estudasse muito, nunca passava mais do que breves minutos seguidos de leitura "necessária", sem que tivesse a necessidade urgente de assaltar o frigorífico, ou de ver o que acontecia no pequeno mundo da caixa luminosa, o que se reflectiu em determinados momentos deste período.
Mas agora tudo é diferente. Obriguei-me desde cedo, a passar longas horas em frente ao "calhamaço", sem que isso significasse um maior tempo de leitura, mas que com o tempo foi melhorando.
Mas como qualquer ying, tem o seu yang, esta dedicação grosseira e brutal ao "calhamaço", trouxe um isolamento crescente da vida social. O ter que dizer "não" à própria vontade, o perder de relações, sem poder explicar que tudo isto tem um significado pouco lógico. Deve ser aqui que começa a fama de pouco sociável, do cidadão médico, salvo em algumas excepções, em que o são mesmo em demasia. A dedicação e retiro sazonal de algumas centenas de médicos anualmente traz as suas consequências... Uns acabam por ficar estúpidos (factor mais comum, a quem padecia, ocasionalmente, deste sintoma previamente à leitura do "calhamaço"), outros depressivos e outros completamente negligentes (o típico, seja como Deus quiser, do desespero de antecipação).

Eu devo confessar que passei por alguns destes momentos. Houve alturas em que me deixei dominar pela tristeza, o que me fez recordar momentos particularmente nostálgicos e difíceis da minha miserável vida e mesmo alturas em que praticamente desisti. Mas uma vontade interna que desconhecia, fez-me voltar a acreditar, tal fénix que renasce da cinza. E neste momento em que a conclusão desta fase se aproxima, cresce em mim um sentimento cada vez mais forte de vitória, acreditando que serei capaz de alcançar o objectivo a que inicialmente me propus, apesar de não ser, de todo, muito ambicioso. Espero não me despenhar do sonho que vi(vi).

Não encontrei nada melhor que o Optimismo para enfrentar a tempestade

quinta-feira, setembro 28, 2006

Rotina

É muito difícil acordar todas as manhãs e ter uma rotina diária em tudo igual ao dia anterior.

Entre o acordar já com uma violenta dor cervical de uma postura viciosa, os 20 minutos para higiene diária e 5 minutos para pequeno almoço, a "vida", ou falta dela, começa religiosamente às 9 horas (pode ser tarde, mas tenho de fingir descansar). Segue-se o primeiro round de luta contra a falta de vontade e a favor da obrigação de estudar, que variavelmente se extende até cerca do meio dia e meio, altura em que o chefe de cozinha toca a rancho. Mesmo a mais amarga das refeições é um momento agradável para distração.

Às 14 horas, chega o segundo round. Este é o mais longo, mas também aquele em o a knock-out está mais perto de acontecer. Nada que não se consiga eliminar com uma ou outra corrida até ao frigorífico mais próximo, para muitas vezes ser aberto e reaberto sem que nada seja tirado do seu interior (que desperdício de energia...). É nestes momentos que não sei se é para manter a pouca sanidade mental que julgo ainda me restar ou se já é a loucura a dominar o meu dia-a-dia.

Mas eis que a contagem do combate é interrompida por mais um sagrado momento familiar, o jantar. Aproveito agora para olhar um pouco para o mundo e perceber que parece ser em vão a vontade de querer salvar o mundo, tamanha é a miséria e o estado de sítio constante de grande parte da crosta terrestre.

Mas como um condenado a perpétua que se ilude com a ilusão de um dia ser livre, eis que chega o terceiro e último round do combate diário. Neste, grande parte das vezes, sou já incapaz de erguer os punhos e dar alguns socos, limitando-me a ser um saco de boxe, espremido até à última gota de lucidez diária (que descobri ser limitada).

Mas de vez em quando, deixo o Sol entrar pelo friso da minha cela, faço a barba e aproveito a liberdade condicional do Domingo, dia do Senhor, dia de descanso, dia em que gosto de respirar, gritar e acreditar que tudo vai passar e novos e agradáveis dias irão chegar, mas não, sem antes, voltar à rotina de...

...Entre o acordar já com uma violenta dor cervical de uma postura viciosa, os 20 minutos para higiene diária e 5 minutos para pequeno almoço, a "vida", ou falta dela, começa religiosamente às 9 horas...

Cada dia mais do mesmo, Isolamento.

terça-feira, setembro 19, 2006

Moderação

Já faltava algum "debate político" no matrafão. Quem já tinha saudades, que levante a mão!
Hoje, fomos todos confrontados com a possibilidade do governo português estabelecer taxas para moderar o acesso à saúde não só em consultas e urgências, como já está estabelecido, mas igualmente em internamentos e cirurgias programadas (de ambulatório ou de internamento). É verdade que não é o retorno obtido com estas taxas que o SNS se torna sustentável, mas tem a saúde de ser auto-suficiente? Não será este o primeiro passo para cada doente (não gosto da palavra utente), suporte na totalidade os seus gastos, em internamento, medicação e exames complementares de diagnóstico?

A constituição refere o direito de acesso à saúde de todos os cidadãos, nacionais e estrangeiros, bem como que esta seja "tendencialmente gratuita". Ora nos últimos tempos, têm-se verificado precisamente o oposto. Com o encarecimento do acesso à saúde, impede que a população mais desfavorecida tenha iguais condições de acesso, sobretudo a crescente população imigrante e a saúde tem-se tornado cada vez mais "tendencialmente paga". Ou se muda a intenção, ou se muda a constituição, das duas uma. E já nem coloco a questão em termos de acessibilidade igualitária aos recursos, que visivelmente tem sofrido disparidades, em cada momento que se fecham hospitais não rentáveis ou maternidades de localização incómoda.

Decisões desta ordem não devem ser exclusivamente políticas ou economicistas, mas fundamentadas com as verdadeiras necessidades sociais e de saúde portuguesas.
Onde pára o “social” presente no nome dos maiores partidos políticos?

Outros tempos

Há cerca de 7 anos iniciava o meu percurso ensino superior. Tudo era quase perfeito. Estava na cidade onde sempre me imaginei a estudar, no tempo que considerava certo para iniciar esta caminhada. No entanto havia um senão, um dos grandes... Não estava no curso pretendido. O que veio a acontecer no ano seguinte, mas então numa cidade que não era a "pretendida".
Mas como foi bom esse primeiro ano de transição, em que ganhei autonomia, as experiências de vida que acumulei e sobretudo pelos momentos especiais que Coimbra proporciona. Com o tempo, apercebi-me que Coimbra é uma cidade a cair de velha, podre, com muitos estereótipos sociais enraizados, mas que sabe ter os seus pequenos momentos de unicidade, sobretudo quando o espiritual ultrapassa grandemente o aspecto físico, como o caso das serenatas académicas e a vivência estudantil, que quando em excesso se torna excessiva, passando a redundância.
E foi com a maior das naturalidades que no ano a seguir, após uma notícia "bombástica", soube que tinha entrado no curso que queria, só que em Lisboa, e acabei por aceitar o destino, com algum alívio, devo dizer. E ao longo do tempo, compreendi em diversas ocasiões o porquê de Lisboa...

Mas após 7 anos, compreendo, o drama de se seguir um caminho diferente, e de não se conseguir atingir um objectivo de vida, e de ter de se viver com ele, e alguns casos para toda a vida, como um manto sombrio que se abate sobre nós e nos persegue.
A maior lição que se tira da vida, é a vida em si.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Código de Barras

Nos últimos tempos tenho colocado um visto, tal qual lista de tarefas, em várias etapas da minha vida. Hoje foi só mais uma, insignificante por sinal!
A partir de hoje poderei ser identificado por um número tal e qual código de barras duma compra doméstica. E andei eu a "fugir" à guerra, para depois ir caír, de livre vontade, a uma associação em que mais do que o nosso nome vale o nosso número. Quer dizer, também não é tanto assim. Apesar de tudo, o nome conta, mas eu diria que toma particular interesse em questões judiciais, para atestar a veracidade de um documento (não vão as vinhetas ser extraviadas!).

Mas nem tudo são más notícias... Com apenas 120 euros por ano (por agora), tenho uma data de pessoas, a garantir o meu bem estar, a minha informação e sobretudo a "bajular" a minha nova condição. E só me apetece, gritar e dizer que sou, apenas e simplesmente, uma pessoa comum, como tantas outras, que nada muda com um certificado.

Não podemos mudar o que somos. Mas podemos mudar como somos.

sábado, setembro 09, 2006

Entrega

Não sei se devo louvar pela atitude altruísta ou apelidar de pura loucura. Não é que a poucos meses de se fazer um exame que definirá a carreira futura de muitos colegas, há uma colega que decidiu embarcar desde já numa missão humanitária!

De facto, está presente no espírito de muitos, incluíndo eu próprio, a vontade de partir, a determinada altura da vida, para um país em vias de desenvolvimento e ajudar, na medida do possível. Mas já, tão precocemente, em que não vejo capacidade de uma autonomia verdadeira. Na minha opinião, nesta fase, podemos mesmo complicar...

Mas, como disse anteriormente, não julgo a intenção das pessoas, considero-as mesmo como especiais, dignas de serem louvadas pela entrega que é necessária, pelo ajudar o outro, pondo mesmo a própria segurança e conforto em risco, mesmo a vida. Que mais poderei dizer...

Força Maggie. São pessoas como tu, que mudam o Mundo.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Cruzada de Sant'ana

Parece que se passaram cem anos desde que acabei o curso, até ao dia de hoje, em que finalmente me entregaram o certificado de licenciatura. E só passou um mês! Não é que tenha pressa para fazer alguma coisa, mas mesmo com o certificado é completamente impossível um licenciado em Medicina, após 6 anos de muito estudo (!) fazer seja o que for na área de licenciatura, se não estiver inscrito na "Ordem".

Mas nem imaginam as batalhas em que me envolvi, a par com vários colegas, para agilizar as lesmas e mouras da secretaria. O que me sabiam dizer sempre, era que a culpa não era delas, e que compreendiam que era muito aborrecido dizerem que estava tudo pronto num dia e alterarem consecutivamente para um dia seguinte... Coitado de quem não está presente. Carrega sempre o fardo da culpa. Mas enfim, no final, contabilizados os feridos e mortos da cruzada de Sant'ana, consegui não um mas dois certificados. Isto porque mais uma vez, as negociações de cessar fogo incluíram esta necessidade.

Complicado? Nem por isso. Está tudo ao alcance de umas frases muito bonitas, de uma assinatura ilegível e de um "selo branco" que com o tempo deixará de se notar. Mas para acabar esta bela cruzada, ainda falta ir a Coimbra para pertencer aos Corleoni cá do sítio.

"Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade..."
excerto da Declaração de Genebra

sábado, setembro 02, 2006

Sete embro

Há coisas levadas da breca! Mais um ano se passa, e continuamos a dar nomes às coisas, mesmo que não faça sentido nenhum. Para alguns talvez faça sentido, porque conhecem a origem de determinada designação, mas para uma pessoa como eu, pobre de espírito cultural, ainda surgem destas novidades! De entre tantos exemplos, os quais levaria anos a nomear, "descobri", após uma pequena investigação (agora mais fácil, porque na Internet encontra-se virtualmente todo o tipo de informação, poupando horas extenuantes de pesquisa em biblioteca), que o nome do mês de Setembro, tem origem na palavra sete.

Ora, perguntais vós porquê? Pois então, deixai-me que vos transmita o que aprendi...

O calendário que actualmente utilizamos, Gregoriano, só começou a ser utilizado, de forma gradual, a partir do ano de 1582. Até então, o calendário utilizado era o Juliano, que vinha da altura do Império Romano, em que o sétimo mês do ano, que começava em Março, era Setembro (septem, sete em latim). Mas, este calendário possuía um "erro". Não tinha em conta uma medida de certa forma constante do movimento de translacção da terra que se faz em 365 dias, 5 horas, 49 minutos e 12 segundos. E como é de todos sabido actualmente, é por isso que o novo calendário tem os seus anos bissextos.

Ora como vos disse anteriormente, a introdução do novo calendário foi gradual, por parte de diversos países, o que deu origem a situações, no mínino embaraçosas, como por exemplo, aquela em que um erro infantil com datas, levou a um atraso de soldados Russos (que usavam ainda o calendário Juliano em 1805) na Batalha de Austerlitz, deitando por terra as aspirações de uma vitória sobre as as tropas de Napoleão, apesar de se encontrarem em esmagadora maioria. Hoje dir-se-ia, Daaa!
Quanto aos restantes meses que faltam até ao resto do ano, tembém eles devem o seu nome à sua posição no antigo calendário, Octo ber, Nove mber e Dece mber.

Em Setembro secam as fontes e a chuva leva as pontes.
Provérbio tradicional português

quinta-feira, agosto 31, 2006

Dejà vu

Mais uma volta, mais uma viagem. Passam-se dias, passam-se meses, e não há maneira de te esquecer. Entras constantemente nos meus sonhos, nos meus fechar de olhos. Entras sem pedir licença, como se os meus sonhos te pertencessem, como se eu te pertencesse. Se pelo menos me ajudasses a esquecer-te, ignorando-me, não me recordando.

Mas se eu soubesse que desta vez seria diferente... Mas não, esta cena já eu vi vezes sem conta. Entrego-me a ti e no final encontro, não uma retribuição de carinho, mas uma parede insensível e cruel, onde me espeto a toda a velocidade.
Tenho medo de sofrer outra vez, neste dejà vu. Por te amar, sempre, quero-te... esquecer.

"Quando o hoje, for para ti, apenas uma lembrança, tem a certeza que o meu coração, será teu, eternamente."
Anónimo

Mar aberto

Quão imensa é essa extensão de água, que desde o princípio dos tempos dividiu, e com a mesma força uniu povos, culturas e vivências tão distintas. Quão belo é o mar, com a mais bela cor da alma, um misto surreal de verde e azul. Quão enigmático é o mar, que esconde nas suas profundezas mistérios e tesouros por desvendar.

Mais um dos meus devaneios sem qualquer sentido, mas não queria deixar passar Agosto sem invocar, o significado que o oceano tem para mim, sobretudo numa época priveligiada, em que milhares aproveitam para tirar prazer do mar. O mesmo mar que em outrora tornou grande o nome de Portugal, que trouxe felicidade a muitos, e que noutras ocasiões, tantas lágrimas acolheu. Como disse Fernando Pessoa, "quanto do teu sal, são lágrimas de Portugal!"

E agora? O mar continua a ser o nosso cartão de visita, a principal porta de entrada desta nossa ilha lusitana. É através dele que o mundo ocidental recebe de braços abertos as centenas, senão milhares de pessoas que procuram melhores condições de vida. E cabe a cada um de nós contribuir para a sua integração.
Mas para que o mar continue a ter o valor incalculável que tem, há que cada vez mais, valorizar e respeitar de forma sensata e consciente o recurso natural que nos banha, para que não se transforme uma vasta e rica quantidade de água, num enorme e infértil deserto.

"Se os mares são só sete, há mais terra do que mar..."
Sétima Legião

sexta-feira, agosto 25, 2006

Represas na Renascença

Às vezes "acontece" que "fora do tempo" e pela voz de um "ser poeta", ontem à noite, Viseu e o Mundo, desde a "EN 125 azul" até "Timor", ficaram "enfeitiçados", por um cantor, que na minha opinião, é um dos melhores de Portugal. Chega de jogo de palavras... Já devem ter reparado que vos estou a falar do Luís Represas!
É certo que nem sempre as suas músicas de sonoridade particular, acompanham o ritmo das suas letras, tão cheias de significado, mas é inquestionável, a sua majestade em palco, não pela produção que apresenta, mas sobretudo, pela sua simplicidade e paixão pela qual se entrega à música.

E por isso mesmo, é tão fácil identificarmo-nos com certas letras deste autor/cantor, e ficar a matutar na nossa vida, nos nossos sentimentos, nos nossos desamores. E para vos mostrar como me sinto desde há algum tempo, aqui vai uma das suas músicas, "Acontece".

Acontece

Eu fui ao teu desencontro
Pra não te ver. Nunca mais!
Pra mostrar que sou dos tais
A quem dói o cotovelo
Eu fui ao teu desencontro
Para te desencontrar
E para descobiçar
As ondas do teu cabelo

Eu fui ao teu desencontro
Porque nada me dizias
Passa bem nem os bons dias
E fingias não me ver
Eu fui ao teu desencontro
Só para te desfalar
Para me desabraçar
Dos teus braços de mulher

Ás vezes Até parece
Que não vai dar
Não apetece
Não
E quando vamos largar
É que tudo acontece
Ás vezes
Até parece
Que amamos fora de mão

Eu fui ao teu desencontro
Sem uma ponta de despeito
Nem sequer vi no teu peito
O coração de rubis
Eu fui ao teu desencontro
Só para te desbeijar
Para me descompassar
Da dança dos teus quadris

Quando nos desencontrámos
Deu-se a química secreta
Essa fórmula discreta
Em que somos equação
Pomos lá tudo o que temos
O que queremos e não queremos
E acabamos mais ou menos
Ao encontro da paixão.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Estudar

Nunca me imaginei estudar em pleno Agosto, se bem que nos últimos dois dias, tem estado um frio de Outubro. Nem mesmo quando no terceiro ano do curso deixei Farmacologia para Setembro, estudei durante o mês de Agosto. E deixem-me dizer-vos, que estou completamente arrasado mentalmente com esta obrigação de estudar "em férias".

Obrigação, porque em primeiro lugar tento ultrapassar o "sacrifício" de me obrigar a, nem que seja só, olhar para o Harrison, sobretudo naqueles momentos que em pleno Agosto são dedicados à sesta e em segundo, devo-o às pessoas que diariamente dizem confiar em mim, para me tornar naquilo que certamente não sou, um bom médico, numa especialidade em que virtualmente possa salvar o mundo das suas doenças.
É verdade que me fazem sentir maravilhoso e especial, com a confiança que em mim depositam, mas apesar, de em todo e qualquer momento, repetir que não tenho tais capacidades, há uma insistência redundante neste tema, talvez pelo desconhecimento ingénuo de que a Medicina actual é de uma vastidão ilimitada, e que há muito tempo que o curandeiro deixou de praticar uma "ciência exclusivamente placêbica" baseada em mitos e superstições, que tudo curava. E por muito que desejasse, e só Deus sabe o quanto, o conhecimento que hoje tenho e que no futuro terei, não será suficiente para tratar de todas as maleitas, apesar de todo o estudo a que me entregue. Haverá momentos de verdadeira angústia, que mesmo sem nunca baixar os braços em sinal de desistência, não poderei contrariar, o final de uma vida, o arrastar de uma doença crónica, a deterioração de um corpo, porque ser médico não é brincar aos deuses, e como humanos que somos temos os nossos limites, que na profissão, ou melhor, na vida que abracei e tomei como minha, enfrentamos diariamente e tentamos em cada momento ultrapassar.

Não há limite para a vontade

quarta-feira, agosto 09, 2006

Estrela

Quando olho para o céu vejo-te a ti estrela que orientas o meu caminho, que dás significado à minha existência. És de entre todas, a mais bela, a que mais brilha.
Vejo-me aprisionado a ti para todo o sempre, debaixo do firmamento que és, da extensão de mundo que cobres com esse teu olhar alegre de estrela única magnífica. Tudo o resto, perto de ti, perde o seu brilho, torna-se uma pequena insignificância.
Mas a desilusão rapidamente se abate sobre mim, quando percebo que por mais que salte nunca te tocarei, nunca alcançarei o paraíso em que habitas, por mais que grite, não ouvirás a minha voz, o meu cantar, por mais que fique pacientemente a olhar para ti nunca reparás em mim.
Mesmo assim encontrei junto de ti a felicidade, de quem ama, porém não se sente amado, pois encontrei uma nova forma de viver, a de amar apaixonadamente um ideal, mais do que a sua representação física.
Agora compreendo-te perfeitamente amigo Platão...

"Se cada um dos teus dias fôr uma centelha de luz, no fim da vida terás iluminado uma boa parte do mundo."

Anónimo

Volta da vida

Anda a volta a Portugal na rua. Num dia passado, para matar o meu interesse súbito por ciclismo, fui ver a "banda passar"! Apesar de ter ficado perturbado pelo facto de ver uma manifestação de show-off por parte da GNR, que até um descapotável tem para andar a passear na volta, fiz uma rápida analogia entre ciclismo e a própria vida. O que querem, é da psicose!
Tal como na vida, uma etapa de ciclismo representa um caminho em que todos temos de pedalar, para alcançar um objectivo, um destino. Uns com mais energia, outros com menos, mas de certa forma todos seguimos num pelotão. Em certas alturas da vida/etapa, alguns projectam-se mais à frente, destacados pelo seu valor ou por "fogo de vista", e que se não houver contrariedades assim o fazem por muito tempo. Até que surgem as montanhas da nossa vida... Aqui sim, destinguem-se os capazes de enfrentar adversidades, de ir à luta para ganhar perante uma vida que apesar de dura, tráz as suas recompensas no final. Mas mesmo no final, estamos condenados a uma última selecção, em que "muitos são os escolhidos", mas em que só um gozará o pleno das vitórias conquistadas.
Mas pior do que perder a corrida, são aqueles que vêem a vida passar e permanecem parados.

Mesmo que custe, todos temos um objectivo na vida para alcançar

sábado, agosto 05, 2006

Qualidade de vida

Que ricas férias! Serviram sobretudo para esquecer o caos português, e quebrar estereótipos relativamente à ideia que tinha de um povo germânico, frio e pouco sociável.
Estou espantado com a organização das cidades alemãs e austríacas, com a sua hospitalidade, com a sua monumentalidade e história, bem como, com a qualidade de vida alcançada nas suas cidades, em que todas as pessoas têm a sua bicicleta, onde podem ir para todo o lado sem qualquer esforço e se por alguma razão se cansarem de tanto pedalar, podem sempre ir num dos muitos transportes públicos existentes, que pela sua disponibilidade parecem omnipresentes.
Descobri em Munique, cidade onde está o meu mano, não vacas, mas uma Löwen Parade, símbolo da Baviera, jardins enormes dentro da cidade, malta a surfar no rio Isar (sim a surfar no rio!), palácios e castelos de encantar, museus singulares, locais religiosos de arrepiar, e sobretudo, mulheres de espanto, que pela sua quantidade e qualidade deixaram loucos os meus olhos de tanto apreciar. Houvi histórias e estórias de princesas, cardeais, de lendas e outras que construí, como a do urso Bruno. E a noite... A Kult Fabrike é um local único onde desconhecidos se encontram e partilham a diversão de uma noite inesquecível, em dança non-stop, ao lado de mulheres que adoram estrangeiros!
A comida é que me custou mais na adaptação, mas era capaz de me habituar ao estilo de vida Germano-Austríaco!

Danke Vati und Mamma

quinta-feira, julho 27, 2006

Culpa própria

Antes de partir para férias, já só faltavam os meus "bitaques" sobre o conflito no médio oriente. Não quero julgar nenhuma das partes, dizer quem, na minha opinião, tem razão ou quem a não tem. Só quero expôr na generalidade o meu ponto de vista em relação a ideias pré-concebidas e aos conflitos que existem entre povos.

Vemos frequentemente, acusações de anti-semitismo, anti-islamismo e anti-americanismo... Inúmeros antis que só têm um significado. É culpa própria destes povos, que alimentam um ódio, estabelecido sabe-se lá quando, com intenções de domínio e ostracização uns sobre os outros. Vêem na guerra o seu Deus, entrando em antítese com os ideais que dizem defender, quase sempre, de comunhão com o próximo e de solidariedade.
Na minha forma de ver o mundo, não compreendo como se pode alimentar um ódio contra outra pessoa só por ser de uma raça, credo ou ideologia diferente. Há espaço para todos nesta bola azul, para o diálogo e discussão de ideias e ideais, para o acordo e amor entre as nações. Porque o poder e "paz" que vem pelo o uso da força é efémero e está de início condenado ao fracasso.

"O amor é a força mais abstracta, e também a mais potente, que há no Mundo."
Mahatma Gandhi

quarta-feira, julho 26, 2006

Beleza

Qual a definição de beleza? Como sabemos distinguir uma coisa bela de outra menos bela ou feia?
Felizmente, cada um de nós tem o seu próprio conceito de beleza, que só em situações pontuais coincide com a de outro. Aquilo a que eu chamo, "efeito de cardume", por não representar uma idealização por nós construída, mas "induzida" por um contexto social e cultural, onde cada um se integra. Senão, como seria se todos amássemos a mesma pessoa, se gostássemos da mesma comida, do mesmo divertimento... Um completo caos, para não dizer entediante.

Cada um de nós é único no momento de atribuir um significado conceptual a um objecto ou a uma pessoa, que vai muito para além da sua representação física. E o mais natural, é considerarmos estranho a "dedicação" que alguém atribui, de vez em quando, a determinada pessoa ou objecto, porque nos limitamos a interpretar, unicamente, o modelo físico representado e não o amor investido, a gratificação recebida, o que se vê com o coração. Como se costuma dizer "quem feio ama, bonito lhe parece".

Nunca tive a percepção de ser uma pessoa bonita. E quando me dizem que o sou, associo sempre a palavras de simpatia, de conforto para escamotear a minha verdadeira aparência. Feio como um miserável calhau de estrada, ao qual se dá um pontapé por prazer. É uma espécie de dismorfia corporal que sempre me acompanhou, e que toda a vida foi criando complexos sobre a minha maneira de ser e estar. Só não é completamente uma doença, porque acabei por me conformar com o meu corpo.
No entanto, vou tentando sublimar esta forma de dismorfia, invocando constantemente, aquilo que sempre considerei como belo, como uma dádiva divina para os olhos e alma, que me fazem acreditar que existe vida para além do meu pequeno caixote e que permanece para mim como a esperança de ser um reflexo projectivo de uma pequena centelha de beleza interior. Beleza para mim, são aves num céu imenso a voar, rumo à liberdade, sobre campos verdejantes repletos de vida, os sorrisos de felicidade de crianças a quem se dá carinho, a beleza de uma mulher que se ama apaixonadamente, uma vida cheia de pequenos momentos de felicidade, que não precisamos de recordar porque nos acompanham com a sua presença constante... Tudo isto, e muito mais, é belo para mim, e não eu, que me limito a alimentar da beleza externa e da beleza dos meus sonhos, porque de beleza fui desprovido.
Verdadeira beleza é aquela que temos escondida no nosso interior e que se reflecte nos nossos actos.

segunda-feira, julho 24, 2006

Família reunida

Na sexta-feira próxima, vou dar uma voltinha, descontrair antes do estudo, que quero incansável, para o exame que nos próximos tempos vai definir a minha vida. Vou até à Alemanha, ter com o meu mano, que por lá está a trabalhar. Talvez passe também pela Áustria e se ainda houver tempo, talvez dê um pulinho rápido à República Checa...
Vou é ter que actualizar, o meu vocabulário, invocar o esquecido, Ja, Nein, Danke, Bitte, Ein, Zwei, Drei, Vier, Fünf..., assim como o meu Inglês serrano, que muito desenvolvi a ler a "grossa literatura" médica, pela qual comecei a aprender "a ser médico". Mas bom, bom, será rever mais uma vez o meu mano, na companhia dos meus pais e da minha mana, ter a família nuclear reunida, nem que seja lá pelos lados da Bavária.
Bald bis

sexta-feira, julho 21, 2006

Passou!

Quando tomei pela primeira vez conhecimento de mim, nunca pensei que este dia chegaria... De facto, na altura, nem fazia a menor ideia sobre os caminhos a trilhar para se chegar a uma profissão que sempre desejei e tomei como certa. Foram momentos de amores e desamores, alegrias e sucessos, mas também de desespero e angústia. Amigos que se criaram e agora se recordam, para sempre... Houve tempo para tudo, mas tudo passou!

Finalmente passaram-se os anos, foram exactamente 18 anos, desde esse primeiro dia de escola primária, de saco às costas, até hoje, de canudo na mão. Foi precisamente hoje, que acabei este percurso de "estudando", mas não o de "estudante", porque esse continua até ao final da vida, com as experiências adquiridas! Mas a partir daqui tudo será diferente. Acabaram os dois meses de férias, a dedicação exclusiva, para se começar uma nova etapa da vida, em que o engenho e arte se vai aperfeiçoando até ao infinito. O meu desejo mais imediato, é tratar do mundo, começando por melhorar a qualidade de vida das pessoas, da sua saúde e doença. Deixar de ser por momentos Sebastião, para ser João Semana, Hipócrates, Galeno, Avicenna, Egas Moniz, os muitos outros. Também estes aprenderam muito com os doentes e lhes deram tanto de si.

Perguntais o que sinto neste momento? Um misto entre a saudade do que ficou para trás, a segurança do "ninho" de uma cria imatura, e a vontade de andar para a frente sem limites, de me deixar levar pela aventura, pelo descobrimento, pela loucura. São anos que irei recordar para sempre. E como alguém, sabiamente disse...

"Os melhores anos são os de estudante!"

quarta-feira, julho 19, 2006

Pouco Valor

A poucos dias de acabar o curso, reparo que há lutas que nunca serão vencidas. Num dos Bancos de Urgência que tive nessa grande escola médica que é o Hospital de São José, acompanhei uma doente, que me impressionou bastante. E eu que nem sou muito impressionável, porque apesar de uma curta experiência de vida e muito menos de experiência médica, já vi um pouco de tudo.

Neste caso, o desleixo, descuido, o pouco valor que esta senhora deu à sua própria saúde, levou-a a uma situação extrema, em que a solução mais evidente seria, a amputação de todo o membro inferior esquerdo. Tudo isto, porque o estado em que se encontrava de putrefacção e isquémia, de tal modo que o membro se encontrava já colonizado por vermes com cerca de 2cm de maior eixo.

Agora a questão que se põe é… De que valem os esforços para resolver e "remediar" situações, quando o verdadeiro e correcto tratamento está na prevenção, e numa atitude activa do próprio doente para com a sua saúde. Falta neste país e em muitos outros, mesmo os ditos civilizados, uma verdadeira educação para a saúde, de forma a evitar situações como a descrita anteriormente, ou muito piores. Por isso, informe-se, aconselhe-se, vá regularmente ao seu médico assistente, porque…

Mais vale prevenir, que remediar.

segunda-feira, julho 17, 2006

Hipertermia

Mas que dias de calor se têm feito sentir. Basta uns breves minutos de exposição solar e lá começam de imediato as glândulas sudoríparas, a sua actividade para a dissipação de calor, dando-me um aspecto de quem acabou de saír debaixo de água. E por mais água que consuma, sinto a cada momento a necessidade perene de líquidos e fresco. Cheguei a ponderar a hipótese de me submergir em água, mas percebi que a nossa "evolução" nos amputou a capacidade de permanecer por longos períodos na água sem ficarmos com a pele enrugada, paradoxalmente como se estivesse mais desidratada. Também pensei dormir com a porta do frigorífico aberta, mas um pensamento mais cuidado, fez-me perceber que se tratava de um método de ar-condicionado rudimentar, nada eficaz energeticamente e muito pouco ecológico. Fiquei sem ideias para o combate a estas "chamas" que me assolam e continuei a penar deitado, durante a noite num verdadeiro reboliço na demanda por um pedaço de colchão de temperatura inferior à do meu corpo.

Como aprecio bem mais o Inverno. Nenhum frio, é frio demais, quando se tem mais um par de meias, um cobertor quentinho ou uma lareira para se acender. O frio somos nós que, quase sempre, o dominamos, enquanto que o calor nos domina, tanto fisicamente, ao ponto de sentir-mos a vontade de nos arrancar-mos da nossa própria pele, como mentalmente, tornando-nos apáticos, pouco reactivos, sem vontade de nos mexer-mos. Agora compreendo as anedotas sobre os alentejanos!
Quando é que tudo isto vai passar? Talvez se pensar nos dias de inverno em que a neve enche o parapeito da janela, lá pela serra que me viu nascer, consiga enfim descansar das batalhas infernais com a temperatura que se faz sentir. Ainda há quem acredite que...

...calor e frio, são só um "estado de espírito".

quinta-feira, julho 13, 2006

Willkommen

Há muito que te esperava! Finalmente chegaste, tu que és o novo Sebastião. Bem sei que por breves dias, mas cá estás tu para nos dar a alegria da tua presença, do teu afecto. Que saudades enormes já tinha de me ver em ti, de aturar as tuas birras, de conversar contigo meu maior amigo, de te ouvir chamar vezes seguidas pelo meu nome, até à exaustão!

Há muito que te esperava! Amanhã, no local onde os pássaros chegam e as almas se reencontram, vou-te abraçar, e que se lixe, vou-te beixar no rosto, para mostrar ao mundo o quanto gosto de ti, o quanto significas para mim, meu confidente, meu amigo, meu irmão.

Há muito que te esperava! Tenho tanto para te dizer, as minhas mágoas, as minhas tristezas, os meus sucessos, as minhas alegrias, todo e qualquer pedacinho de vida comum que vivo. Vou poder associar, por fim, a voz que ouço diariamente ao rosto que, diariamente, recordo no espelho...
Willkommen JB

quarta-feira, julho 12, 2006

Finalmente Adeus

Depois de Sábado, reparei que talvez venhas de vez em quando ao meu cantinho, e ver o que os meus dedos têm mais facilidade em exprimir do que a minha voz... os meus sentimentos.

Nesse dia, fiquei muito incomodado, e mesmo envergonhado, com o que o nosso amigo foi conseguindo "arrancar" de ti, que ambos já sabíamos, mas que eu sempre tentei e continuei a recalcar, ignorar. Mas nesse preciso momento, abri finalmente os olhos, acordei para a realidade e vi que para nós já não havia mais um presente ou futuro traçado em conjunto, mas sim um só passado que agora cessou de ser escrito. Pensava já ter ultrapassado tudo isto há muito tempo atrás, mas com a visão constante do teu sorriso, da tua maneira de estar feliz na vida, contagiante, de ti, nunca consegui mais do que suprimir os meus sentimentos e por isso sofri muitas vezes em silêncio. Então tomei a decisão de me afastar completamente de ti, deixar-te seguir a tua vida, deixar seguir a minha vida, deixar de sofrer contigo e por ti, desejando que alcances a felicidade no caminho corajoso que escolheste para a tua vida com votos tão sérios e verdadeiros. Mas não deixam de restar tantas dúvidas em mim, que certamente nunca serão esclarecidas.

Só queria pedir-te desculpa, por este meu afastamento súbito, mas foi a maneira mais simples e confortável para mim que encontrei de lidar com esta situação. É-me tão difícil dizer Finalmente Adeus. Cheguei a pensar colher todas as flores existentes no mundo, mas sei que nada é capaz de te fazer perdoar-me por esta atitude tão cobarde em abandonar o campo de batalha, de te enfrentar cara a cara. Tudo o que menos queria era distrair-te nesta fase, sempre complicada da vida, de avaliações, de final de ano. Mil vezes perdão.

"Quando se ama de verdade, nem sempre a reciprocidade é tudo. O importante é que o ser amado, esteja infinitamente Feliz."
anónimo

domingo, julho 09, 2006

Oferecem-se medalhas

Nos últimos anos, tem-se vindo a assitir a uma banalização das condecorações a atribuir a cidadãos, quer nacionais ou estrangeiros. Não quero dizer com isto que estou em total desacordo com a gratificação que é entregue a quem realmente tem valor, ou que segundo a lei orgânica das ordens honoríficas portuguesas, a distinguir "em vida ou a título póstumo, os cidadãos portugueses que se notabilizem por méritos pessoais, por feitos cívicos ou militares, ou por serviços prestados ao País".
No entanto, nos tempos que correm, parece que qualquer acto, por mais ridículo ou insignificante que seja tem direito automático a ser distinguido pelo Presidente da República. Já nem faz sentido, com os largos milhares de portugueses, que sobretudo no dia 10 de Junho de cada ano, recebe uma ordem, seja de mestre ou comendador, de Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, de Avis, de Cristo, de Sant'Iago da Espada, do Infante D. Henrique, da Liberdade, de Mérito, da Instrução Pública, do Mérito Agrícola, Comercial e Industrial, ou outra qualquer, de palha ou cortiça, que se dê alguma importância a estas cerimónias e condecorações.

Das duas, uma. Ou somos um país em que mais de metade da população é composta de notáveis heróis e heroínas, e neste caso, porque não anda o país para a frente, ou está-se a "pagar" favores, com reconhecimento público, e através dos bolsos dos portugueses que servindo e lutando diariamente pelo país, recebem a sua cota parte com medidas pouco sociais de cortes orçamentais na saúde, educação, solidariedade social, despedimentos... Apertem o cinto dizem eles, ao mesmo tempo que oferecem "medalhas" a outros!
Para voltar a dar a dignidade, intrínseca, às ordens honoríficas portugueses, exige-se muita reflexão, moderação e contenção no momento da sua entrega, evitando reconhecer-se alguém que só se serviu a si próprio e aos seus interesses, e que foi espantosamente confundido com serviço ao país.

Um país cheio de heróis de pau oco

sábado, julho 08, 2006

Úlcera Péptica

Penso estar a desenvolver uma úlcera péptica. E não se deve a uma infecção por Helicobacter pylori, mas sim ao estado de ansiedade permanente causada pela "subespécie" Homo sapiens femininus.
Tudo por razões profissionais, sociais e acima de tudo por razões pessoais, passionais.
Enquanto não tiver a "coragem" suficiente, de dizer: "Não, nem amigos podemos ser...", não conseguirei tratar o aperto de estômago de que padeço. Mas primeiro terei de te respeitar, pela tua decisão, sensata, meditada e sobretudo honesta.

Porque são as mulheres tão complicadas?

sexta-feira, julho 07, 2006

Um ano depois... Tudo igual

Faz hoje, precisamente um ano, que mais uma vez o mundo assitiu, ao pior que a humanidade, ou será melhor dizer brutalidade, pode fazer. Há um ano atrás, um grupo de terroristas, invocando falsas e distorcidas crenças, teve a ousadia de tirar vida a outra pessoa. Situações a que diariamente assistimos, seja no Iraque, Estados-Unidos, Palestina, Somália, ou em outro qualquer local da pequena bola onde convivemos todos juntos.
Não coloco em causa credos, ideologias, formas de vida, até porque em várias ocasiões todos, sem excepção, cometemos erros, mas não pode, nem deve haver, nunca, fundamento para se tirar uma vida, seja por terrorismo, assassínio, ou por lei, porque cada um de nós é único e especial.
O amor, a compaixão, a entrega, deve ser o caminho...

"Se os homens fossem bondosos, verdadeiros, afáveis, íntegros e sagazes... Então teríamos o paraíso na humanidade..."
Kung-Fu-Tzu (Confúcio)

Fantasma

Quem és tu fantasma, presença constante nas minhas noites, nos meus dias, na lucidez e na loucura, que assombras a minha vida e a tornas tão custosa de trilhar? Tu, que não me dás descanso, das batalhas eternas, travadas entre a razão, de saber que és um passado que não existe já mais, e o coração, do desejo fervoroso que te vê como real. Nessa tua persistência de presença ausente, consomes tudo o que resta de mim, permanecendo a loucura, o aperto de alma, o vazio.

Já não te vejo só quando fecho os olhos, já não te sinto só quando te recordo, mas agora, todo o meu corpo te aguarda, anseia por ti, como a vida espera pela sua amada morte, numa união fatal de corpos celestes, que com a sua destruição dão origem, no seu seio a (super)nova vida.

Quem és tu, fantasma? Parte, agora que cumpriste a tua missão, de me fazer amar como nunca amei antes, que criaste em mim tamanha paixão, que torna insignificante aquela das guerras de Tróia por Helena, de Romeu e Julieta, de Pedro e Inês. Fica, mais um pouco, para que te possa continuar a admirar, a recordar.
Dá-me descanso, que a minha fraca alma e débil coração, já não suportam mais.
"Ama-me quando eu menos merecer, pois é quando eu mais preciso"
Provérbio Chinês

quarta-feira, julho 05, 2006

Final

Portugal atingiu o final... o final do sonho de ser campeão mundial de futebol em 2006. Foi um caminho cheio de sucesso, esperança, mas que teve o seu término frente à selecção francesa.
Mas nem tudo é depressão. Lembrem-se dos trabalhadores de Paços de Ferreira que não perderam os seus postos de trabalho, por Portugal não ganhar a taça. E surgiu, finalmente a oportunidade de acordar, enfrentar a realidade do panorama nacional e recomeçar de novo. Tomara houvesse tamanho empenho, e fé em melhorar o país e tornar Portugal maior, não só no domínio desportivo.

"É no coração do homem que reside o princípio e o fim de todas as coisas."
Liev Tolstói

segunda-feira, julho 03, 2006

Vida Selvagem

Cada vez mais, me desiludo com certas pessoas. Grande parte delas, anónimas, meros rostos de um efémere vislumbre. Mas também, umas quantas, com quem convivo diariamente.
Tudo isto, porque é evidente que a competição na espécie animal Homo sapiens, é cada vez mais feroz, e feita de forma pouco saudável, uma vez que, na minha concepção de vida, não vejo satisfação possível quando o que se alcançou na vida foi à custa de outrem. Não se trata já de simples sobrevivência, mas de eliminação, "assassínio premeditado" do próximo. No meio desta vida selvagem, o "chicoespertismo" e o "enganismo", parece vingar sem obstáculos, cabendo a cada um de nós, olhar para si próprio, num sentido auto-crítico e perceber que não se retira qualquer prazer de uma atitude menos honesta e profundamente egoísta, mas que há maior prazer na solidariedade e na partilha.

E se ficares desmotivado por te sentires como o único a mudar o mundo, acredita que as mudanças, que são necessariamente lentas, começam por pequenos actos, mais do que por palavras, mas que, no final acabam, sempre por acontecer. Sê audaz, constrói a tua "ponte" e ajuda a mudar mentalidades, vícios, o mundo...

"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes"

anónimo

domingo, julho 02, 2006

Chico

Chico era um rapaz, como os demais. Nascido no seio de uma família abastada, levava uma vida de noitadas, de vida boémia, de lutas, de mulheres, tudo o que dá prazer ao corpo. Enfim, vivia unicamente pra si.
No entanto, um dia, o chico teve uma visão, após a queda de um cavalo. Sentiu-se um grande vazio de prazer na alma. Pressentiu que tinha necessidade de mudar a sua vida, de lhe dar outro rumo, outro sentido. Começou a dedicar a sua vida inteiramente aos outros. Mas não se pense que foi só com palavras vãs, que o fez, mas sim com acções concretas, audazes e singulares, que viriam a marcar o mundo no seu tempo e para lá dele, abdicando completamente da sua rica vida, e começando a viver como e entre os pobres, e dos que mais careciam de cuidados, em perfeita comunhão com a natureza. Apelidaram-no de muitas vezes de louco, doente, corajoso, mas todos sem excepção, viam nele a honestidade e pureza dos seus actos.

É por isto, que o chico é o meu herói, um exemplo que tento todos os dias seguir, apesar de não o conseguir na sua plenitude. Mas pelo menos, tento orientar-me pelos seus princípios gerais, ostentando o tau como símbolo do meu compromisso.

"... que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar do que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado..."

S. Francisco de Assis

Pastilha

Ontem senti-me uma autêntica pastilha elástica. Daquelas que se colam à sola do sapato, à qual se dá o maior desprezo, mas que custam bastante a sair. Usado, neste caso, mastigado enquanto se tem algum sabor, e "cuspido" logo de seguida. Mas enfim... Que espero eu, afinal? Não encontrei ainda uma resposta. Mas uma coisa tenho a certeza, enquanto não a esquecer, vou continuar a martirizar-me. Acho que tenho muito de masoquista. Se ao menos fosse fácil e tivesse a força necessária para seguir em frente...
"Amo a liberdade, por isso... Deixo as coisas que amo livres... Se elas voltarem é porque as conquistei, ... Se não voltarem é porque nunca as possuí."
John Lennon

quarta-feira, junho 28, 2006

Em código

Acabei de criar um código secreto. Apesar de ser um tanto rudimentar, parece ser uma forma "segura" de mandar algumas mensagens! É uma brincadeira minha... Só posso dizer que tem uma dupla incriptação.
No entanto em jeito de desafio, dá-se um prémio a quem decifrar esta pequena mensagem. Talvez consultas grátis vitalícias!

"Somos a grafia e o medo do passado, adeijo de esse banco calado."
Tem solução, não são só palavras soltas...

terça-feira, junho 27, 2006

Não sei perder-te

Porque estás ainda na minha mente, no meu coração, na minha vida? Porque é que todos os dias me fazes recordar de ti, com as tuas chamadas, com as tuas mensagens, com as tuas visitas, apesar de já ter pedido que me deixes perder-te? Sabes que não consigo dizer, nunca, não, apesar das eternas contendas entre a razão e o coração que me atormentam. Também é difícil para mim, todos os dias tentar esquecer-te, deixar-te partir para sempre. Com as tentativas, não mais consigo do que me recordar mais e mais de ti. Recordo-te em toda a tua plenitude, em toda a tua beleza. Invoco momentos não vividos, de amor, de paixão, de vida. Mas que vida! Que vida é esta em que já me entreguei completamente a ti, e nada mais tenho que seja meu. E por isso sofri, chorei, gritei e só me resta, agora, o mundo para te oferecer. Mas que é o mundo para alguém que não lhe pertence, que lhe é superior? E por isso nunca te consegui tocar, nunca te alcancei e ao teu coração. A minha vida esgotou-se, mas o meu amor continua, sempre, a crescer.
Nunca te irei compreender minha Afrodite, minha "mísera e mesquinha que depois de ser morta foste rainha" do meu mundo. Lamento, mas não sei perder-te...

"Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente."
William Shakespeare

segunda-feira, junho 26, 2006

Presença ausente

Ouço a tua voz, vejo as tuas palavras, mas não te consigo abraçar. Sinto falta de ti, meu amigo, meu confidente, meu irmão. Quis a vida, que um obstáculo espacial se interpusesse entre nós, mas guardo no meu coração as recordações de ti, as tuas feições, as tuas emoções. Hoje é a saudade que fala por mim, que me dá conforto, e com quem eu partilho o meu dia. Se ao menos conseguisse abraçar o mundo, talvez então, te alcançasse JB.

Bald zurückgekommen. Ich bin mit Hauptkrankheit.

Nação Lorosae

Alguns apelidaram-na de a mais jovem nação do novo milénio. É a terra do Lorosae (Sol nascente). Em Maio de 2002 materializaram, finalmente, o que nunca chegaram a perder, o seu espírito enquanto nação livre. A partir deste momento, tiveram a oportunidade de escrevendo a sua própria história, criar um país único no Mundo, verdadeiramente justo, fraterno, igualitário, mesmo tendo por base o pior dos exemplos, o português. Isto porque, oficialmente, Timor-Leste foi uma das colónias portuguesas até 1999, e ficaram os laços que nos uniram para sempre...
Em tempos, houve quem dissesse que a nossa Constituição sempre foi um dos exemplos quase perfeitos de lei alguma vez criada entre as nações, e por isso serviu de base para a criação de uma Constituição na República Democrática de Timor-Leste. Mas será que a respeitamos diariamente, com os constantes atentados à lei fundamental? Enfim, isso é outro assunto.

Os recentes conflitos do seio desta jovem nação, não são mais do que o estabelecer de uma verdadeira democracia, pois da vontade e organização de, praticamente, um partido único, a FRETILIN, está agora a surgir a mudança, para multiplicidade, para a discussão de ideias.
Mas como "é o povo quem mais ordena" e com a vontade de mudança que se sente, acredito veemente, que conseguirão ultrapassar as dificuldades iniciais e tornar-se num país exemplo no mundo, aprendendo com os erros dos outros e melhorando-os, aprendendo com as dificuldades dos outros e ultrapassando-as.
Coragem Timorenses!

"Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce."
Fernando Pessoa - o Infante

domingo, junho 25, 2006

Palavras nunca ditas

Há sentimentos pensados, nunca ditos, ditos, mas nunca escritos, mas há momentos em que olhamos para o passado e temos a nítida sensação de que por várias vezes ficaram palavras por dizer, acções por fazer… Acima de tudo ficou um sentimento de que determinada situação e até mesmo a nossa própria vida podia ser diferente se não tivéssemos tido alguns momentos de fraqueza e demonstrado os nossos afectos mais sentidos.
É difícil trilhar o caminho tortuoso e sinuoso da vida, no frágil equilíbrio entre o medo de rejeição e da própria aceitação.
"Duas coisas indicam fraqueza: calar-se quando é preciso falar, e falar quando é preciso calar-se."
Provérbio Persa