domingo, março 23, 2008

Não me deixe morrer

Senti uma enorme emoção quando uma doente me disse: "Por favor, não me deixe morrer... tenho uma bebé para criar."
Estava mesmo numa situação limite de vida, que se não tratada pode levar à morte. O edema agudo do pulmão é um quadro clínico em que o doente sente como se estivesse a tentar respirar debaixo de água, e que gera uma grande agonia e desespero.
E eu, numa posição estúpida de prestador de cuidados de saúde, em que mostrei pouca empatia, ia-lhe dizendo para ter calma, uma calma que sei que tardava a chegar, pelo não imediato efeito terapêutico, mas que com um pouco de tolerância acabaria por chegar e também com uma ajuda de morfina.

Contactado o colega dos cuidados intensivos, para onde esta doente iria após a sua estabilização e resolvida a situação aguda, lá se descobriu depois que esta mãe tinha sido "vítima" de uma das possíveis complicações de um pós parto, em especial por cesariana, um tromboembolismo pulmonar. A sensação de que estamos a ser afogados vivos deve ser verdadeiramente horrível.

Eu luto a cada momento para que ninguém morra...

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