segunda-feira, março 24, 2008

Perfume

As memórias que se tornam mais permanentes, são aquelas que sofrem um reforço constante, e de entre todos os sentidos aquele que com maior facilidade tem em criar uma de longo prazo, é o olfacto. Por se encontrar numa zona mais profunda e primitiva do nosso cérebro e pela sua proximidade ao lobo temporal, estabelecem-se um maior número de sinapses, permitindo maior capacidade de informação armazenada e de maior qualidade.

Que situação estranha na qual me envolvi. Foi como se de uma nova coincidência se tratasse, agora mesmo sem ti, mas que me levou a um estado de perfeita loucura, desse tipo que julguei ter deixado no passado, de sexo sem amor.
Ao sentir o teu perfume, esse que tão bem recordava e que já noutra situação bem menos constrangedora o tinha sentido, fechei os olhos e senti-te bem perto de mim, tão perto que te podia cheirar, beijar e sentir a tua pele a tocar na minha, como amantes que numa intensa partilha de afectos se uniam num só corpo e transformavam o amor e paixão ideológica em algo físico, de profundo desejo carnal. E tudo isto me fez amar-te ainda mais, mesmo quando te senti noutra pessoa, que me fez acreditar que me partilhava contigo por causa dessa fragrância que me deixou fora de mim e me fez perceber que apesar de tudo sou cada vez mais teu.

Posso nunca vir a pertencer-te, mas amar-te-ei para sempre.

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