quarta-feira, maio 24, 2006

Síndroma da Conspiração

O que vou expor de seguida surge como resposta, minha, a várias "discussões" com pessoas amigas e conhecidas sobre um dos temas do momento. É só a minha opinião!

Quando leio um livro, sinto-me envolvido na história, como se nos momentos em que estou a ler, aquela passasse a ser a única realidade existente. Mas este sentimento cessa no momento a seguir à leitura. No entanto, à quem não consiga, aparentemente, separar o real da ficção, quem perpetue o momento de ilusão e a transponha para a realidade.Em termos estatísticos, cerca de 1% das pessoas "sofrem" de esquizofrenia, com uma distribuição mundial practicamente inalterada. Mas nos últimos tempos um livro conseguiu pôr em evidência mais do que 1% de esquizofrénicos, que acreditam como se fosse verdade absoluta a pura especulação, que ao longo do tempo, com uma pitada de realidade se tornou toda ela real.

Já deu para ver que estou a falar do livro de Dan Brown, "O Código de DaVinci". Em verdade, parte da informação descrita no livro é verdadeira, como a influência que os Templários tiveram na idade média, como se tornaram ricos e poderosos, a sua ascenção meteórica e rápida aniquilação (mas não pelas razões descritas neste livro), a escolha dos textos bíblicos, entre outros dados históricos. Mas todos estes se confundem num emaranhado de especulações, e "perturbações psicóticas", onde a ideação de perseguição e o "síndroma da conspiração" adquire um carácter verdadeiro. De facto, o próprio Leonardo DaVinci era o maior dos "homens da conspiração", tamanha era a sua obsessão em escrever as suas notas para que só pudessem ser lidas ao espelho.
Passa-se o mesmo com outros livros, em que o desejo ardente, inerente a cada um de nós, de ansiar que o "sonho se torne realidade" acaba por escamutear o verdadeiro sentido de expressões, situações ou mesmo personagens. Mas até aqui, não se trata mais do que momentos de regressão à infância onde acreditávamos em monstros, princesas e príncipes, mas que então serviam para construir um mundo de reflexão e conceptualização.

Mas no final, tal como desde o início, tudo se resume a questões de crenças, ideais, a que muitos chamam , e que nos leva a acreditar naquilo que sentimos como verdadeiro, apesar de não ser verificável, ou historicamente correcto, simplesmente porque acreditamos que existe.

"A nossa verdade é aquela em que acreditamos"
in "O Código de DaVinci"

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