segunda-feira, maio 08, 2006

Infeliz equilíbrio

Quando crescemos educados com uma cultura de base científica, encontramo-nos, por vezes, limitados na nossa capacidade de avaliar o mundo em redor com o mesmo espírito com que o filósofo ou o metafísico o faz. Para nós tudo são leis, teoremas, eixos rígidos em que a vida começa e acaba, representando o desconhecido não um obstáculo ao raciocínio “lógico”, mas um estímulo a novas descobertas.

Mas tudo isto, porquê? Apercebi-me nos últimos tempos, que também um grande cientista pode, inadvertidamente, explicar, com uma das suas leis de fisico-química mais purista, o comportamento social e económico de populações. Vejam só o caso particular da lei da conservação das massas de Lavoisier. Com o intuito de justificar a incapacidade de criação e consequente destruição da matéria, explicou muito daquilo que penso ser o pilar fundamental da macroeconomia mundial, que cada vez mais se encontra dependente de um sistema em equilíbrio à escala planetária. Ou seja, não há criação de riqueza, sem a criação de pobreza. Nos nossos dias, vemos a população ocidental a ficar com cada vez mais recursos económicos e a população mais carenciada a ficar cada vez mais espezinhada na agonia da pobreza. E tudo isto pela dependência crescente face ao valor monetário, petrolífero, cereais...

Se me perguntarem qual a resposta possível, eu diria que idealmente no mundo social perfeito, seria tirar aos ricos e dar aos pobres. Mas uma decisão destas, feita de forma desordenada, sem preparação, em vez de melhorar a situação, poderia agravar o fosso, por não existir um suporte social e de “desenvolvimento prévio” que minorasse o impacto de tais medidas. Mas um primeiro passo seria acabar com a dívida dos países em vias de desenvolvimento e aumentar as ajudas desinteressadas, feitas com o coração e não por interesses, para que progressivamente se passasse de um equilíbrio desigual para um outro em que as desigualdades não fossem tão evidentes. E que melhor para uma economia de mercado do que crescer para países onde o crescimento é possível e de forma exponencial.

Mais prazer em dar do que em receber

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