Foi por ter estado em contacto próximo com doentes terminais, numa breve passagem por uma Unidade de Cuidados Paliativos que reflecti sobre este assunto, Eutanásia - Porquê escolher a Morte?
Se na vida de cada um há momentos de pura espiritualidade, estes foram alguns deles. Enquanto cidadãos comuns, sujeitos às leis da vida (e dos seus infortunios), pensamos que o principal factor de pedido de eutanásia, advém da dor física, mas num trabalho de W. Breithart, verificou-se que esta só representa 5% dos pedidos. Os restantes 95% são por outras razões. Então porque deseja um doente terminal, ou com doença incurável morrer? Por se sentir abandonado pela vida, pela sorte, por Deus (ou outra entidade)?...
É aqui que entram os cuidados paliativos. Num centro com cuidados paliativos, normalmente não há pedidos de eutanásia. Esta situação deve-se sobretudo, porque o doente passa a ser o centro de uma abordagem holística, que proporciona ao doente a prestação de cuidados até ao fim, acompanhando-o passo a passo pela sua "caminhada de morte" (etapas preconizadas por Elisabeth Küller Ross), de forma a atingir o sentimento final de que cumpriu o seu objectivo de vida, para que na fase agónica, a possa encarar com a máxima serenidade. Não se trata de Distanásia (prolongar a vida a qualquer custo), mas sim de ajudar o doente a encontrar caminhos para que mesmo na última fase da sua vida possa dar algo de si, da sua experiência que fique para a eternidade, e é esse sentimento que devemos alimentar no doente terminal. É assim que eu concebo a vida: há muito mais a dar que a receber.
E para aqueles que pensam que cuidados paliativos (que é por natureza o antagonismo de eutanásia), é uma forma de aumentar o sofrimento de um moribundo, eu respondo, mesmo parecendo filosofia barata: o sofrimento é parte da vida, sem o qual não a concebemos (mesmo no amor sofremos). Não quero dizer com isto que devemos suportar, ou mesmo procurar o sofrimento, de forma resignada, mas transformá-lo numa oportunidade para aprender-mos com nós próprios e com a vida e mesmo crescer interiormente.
Mas sobre espiritualidade falarei numa outra conversa...
Obrigado Helena Aitken e Maria José Palma
"Não somos Imortais, mas somos Eternos"
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