quarta-feira, outubro 04, 2006

Dias de Tempestade

É uma das piores fases da minha vida.
Nunca fui uma pessoa que estudasse muito, nunca passava mais do que breves minutos seguidos de leitura "necessária", sem que tivesse a necessidade urgente de assaltar o frigorífico, ou de ver o que acontecia no pequeno mundo da caixa luminosa, o que se reflectiu em determinados momentos deste período.
Mas agora tudo é diferente. Obriguei-me desde cedo, a passar longas horas em frente ao "calhamaço", sem que isso significasse um maior tempo de leitura, mas que com o tempo foi melhorando.
Mas como qualquer ying, tem o seu yang, esta dedicação grosseira e brutal ao "calhamaço", trouxe um isolamento crescente da vida social. O ter que dizer "não" à própria vontade, o perder de relações, sem poder explicar que tudo isto tem um significado pouco lógico. Deve ser aqui que começa a fama de pouco sociável, do cidadão médico, salvo em algumas excepções, em que o são mesmo em demasia. A dedicação e retiro sazonal de algumas centenas de médicos anualmente traz as suas consequências... Uns acabam por ficar estúpidos (factor mais comum, a quem padecia, ocasionalmente, deste sintoma previamente à leitura do "calhamaço"), outros depressivos e outros completamente negligentes (o típico, seja como Deus quiser, do desespero de antecipação).

Eu devo confessar que passei por alguns destes momentos. Houve alturas em que me deixei dominar pela tristeza, o que me fez recordar momentos particularmente nostálgicos e difíceis da minha miserável vida e mesmo alturas em que praticamente desisti. Mas uma vontade interna que desconhecia, fez-me voltar a acreditar, tal fénix que renasce da cinza. E neste momento em que a conclusão desta fase se aproxima, cresce em mim um sentimento cada vez mais forte de vitória, acreditando que serei capaz de alcançar o objectivo a que inicialmente me propus, apesar de não ser, de todo, muito ambicioso. Espero não me despenhar do sonho que vi(vi).

Não encontrei nada melhor que o Optimismo para enfrentar a tempestade

5 comentários:

aphotoaday disse...

estamos todos no mesmo..

Deixo mensagem de solidariedade e de muito boa sorte para todos os totós como nós..

Beijinho

Ana Miguel

Shara disse...

como te entendo paulinho :) nos, os totos (como disse a ana e bem!) temos que nos agarrar a alguma coisa... q seja o optimismo!
beijinhuz grandes d saudades e força.

Paraskevas disse...

Deixa lá voar essa fónix dentro de ti e vamos tomar um copo no fds.

Anónimo disse...

Se é tanto sacrifício ser médico, porque é que ainda se esforçam? Não conheço ninguém nos dias de hoje que tenha sido obrigado a ser médico...

Abraços e beijinhos a tantos mátires.

Um doente!

aphotoaday disse...

não conheço ninguém que tenha sido feliz sem sacrifícios, anónimo.