quinta-feira, novembro 15, 2007

7 anos

Ainda há algumas coisas que me espantam, mesmo contando com uma curta experiência cheia de vida... Tive uma percepção abrupta da a infinita pequenez do mundo.

Antes de rumar a Lisboa por obrigação, andei um ano a "passear os livros" por Coimbra, nos longínquos anos do senhor de 1999 e 2000. Recordo esse ano único, o de caloiro, não pelo o simples e inexplicável efeito estudificante que a cidade gera em cada um dos seus estudandos, mas saudosamente pelos amigos que por lá abandonei e que no dia de hoje recordei com alegria.
Mas se por outras vezes, a memória vem sem aviso prévio, visitante amiga de momentos mais serenos, desta vez, foi fruto de uma visitação do passado, não daquele mau que queremos para sempre esquecer, mas de um bom, que há muito não invocava. Por ironia do destino, ou simples coincidência, encontrei numa das consultas, uma pessoa amiga que conhecera enquanto coimbrinha. E se outrora, já me gabei pela minha imensa memória, desta vez foi castigo não ter logo reconhecido a sua expressão, o seu rosto, a sua singularidade, a sua beleza, que em momentos de regressão Conimbricense me acompanharam, consequência de um amor platónico alimentado sem sentido, como todo o sentido que faz a paixão ignorada, e sem nunca ter tido, muito menos, a coragem de me denunciar em tempo oportuno. Mas como o tempo tudo cura, até as feridas mais profundas, o afastamento pouco natural de 7 longos anos, fizeram-me esquecer, lamentavelmente, pedaços dessa minha existência. Não era no Tibete que tinha estado, mas a distância maior que qualquer outra, essa que se encontra entre Coimbra e Lisboa, distância cruel do tempo contado pela perda dos amigos, das pessoas de quem gostamos, das lembranças saborosas.
E se o fado que a todos nos guia fosse gentil, teria passado despercebido, silencioso e sem aviso. Mas fui reconhecido, por ela, mesmo quando pensava que eu não passava além de uma cara conhecida, dessas desconhecidas que diariamente se cruzam connosco. E ao ser contactado, longe do local do crime, local onde as memórias são mais fáceis de perceber, recordei por fim os traços do seu rosto que resistiam ao tempo, a sua expressão de uma verdadeira Castro, rainha e majestosa, e acima de tudo, o grande amigo comum que abandonei e que hoje recordo também com enorme e sofrível saudade.

E para não complicar as coisas, como os dois meses de convivência no passado, também quis a providência divina que, novamente agora, as pegadas do nosso caminho se apartassem em direcções distintas, numa outra fase de viragem da minha vida. Mas no fundo, não gostaria que as lembranças que nos fazem sorrir, só se materializassem em períodos tão longos, porque mesmo com toda a magia do número, 7 anos, é demasiado tempo.

"As coisas vulgares que há na vida

Não deixam saudades

Só as lembranças que doem

Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história

da história da gente

e outras de quem nem o nome

lembramos ouvir..."

in Chuva - Jorge Fernando

3 comentários:

Anónimo disse...

Não posso comentar... porque não leio o blog (Era neste post que queria pôr o comentário)

Paraskevas disse...

aiiiii.... o ano de caloiro!

Anónimo disse...

Recordar-te-ei para sempre como o meu maior amor.

E os dias que tenho vivido sem ti após o estranho reencontro têm sido de um sofrimento tal, que a determinado momento decidi mesmo acabar com o Blog, "matar-me" para que não soubesse como estava a sofrer.
Tem sido penoso não falar contigo, sentir o coração bater bem mais forte quando imagino sequer um pouco de ti, quando nos momentos menos bons, invoco em ti a minha serenidade, o meu carinho e consigo por fim aceitar as dificuldades que a vida tem.

Mesmo morto, continuo a dizer bem alto que te AMO, mesmo desconhecendo o que restou dos teus sentimentos...