quinta-feira, janeiro 31, 2008

Balanço

Não sei porque o fazemos, nem que razões invocamos no subconsciente para o fazer. Mas quando se acaba um ciclo na nossa vida, seja um ano que passou, uma mudança de carreira profissional, uma alteração na vida pessoal, temos a tendência intrínseca para lembrar esse período de tempo em jeito de balanço final de contas.

O estranho que me aconteceu nesta minha avaliação destes 7 anos passados de vida alfacinha, foi que os últimos três meses me fizeram esquecer os restantes de uma permanência agitada.
Queria lembrar-me das lutas diárias no meio de tanta confusão, do meu primeiro dia no meio de "mouros", das vitórias académicas que acabei por conseguir, dos desamores por que lutei, conquistei, perdi, de todas as alegrias e tristezas que marcaram este tempo... No entanto, tudo isso me parece irrelevante, banalidades, e guardo só com saudade essas memórias que me fizeram sorrir, e que após ter feito uma escolha que mudou por completo o rumo da minha vida, me fez perceber se não seria um erro que estaria a fazer. Até então, tudo era a certeza da minha saída de Lisboa, de que o meu futuro imediato não passaria por ali, por essas ruas de um caos urbanístico que me custou sempre compreender, por uma cidade com falta de humanismo, de liberdade, de sentido. Mas, como manobra do destino que cria dúvidas constantes na mente humana, assim feita a escolha, assim se criou em mim mais um "se" de uma vida por Lisboa, e ainda assim continuar a ser imensamente feliz, ou ainda mais. Vou partir. Este é o último dia por aqui. Amanhã estarei num outro local, num revés de medalha, em que estarei agora por lá mas com o coração por cá. Sei que o tempo irá deixar as suas marcas, e quem sabe num futuro mais ou menos distante, me veja novamente num outro local, para então recomeçar novamente tudo de novo.

A história não se escreve de "e se...".

sábado, janeiro 26, 2008

A acabar...

Com a minha permanência na margem do Tejo, a título definitivo pelo menos nos tempos mais próximos, a acabar, decidi ficar o fim-de-semana por Lisboa, e esperar pela visita dos meus pais!
E foi incrível ter de esperar pelos últimos dias, para ainda assim me surpreender com alguns dos cantinhos que Lisboa tem de beleza única... Perdido que andava para sair da rua das janelas verdes em direcção à doca de Santos, fomos encontrar o Palácio das Necessidades, belo, sobre uma encosta de onde se avista o rio, banhado de prata com a luz radiante de uma tarde de sol primaveril.
E como este local de extrema beleza, outros visitei neste dia, que até mesmo pela sua simples beleza, me fizeram guardar como uma estranha saudade futura de sentimento misto, desses 7 anos de permanência na capital, para daí a pouco rumar à província de um Portugal profundo que quero redescobrir.
E terei sempre a oportunidade de a revisitar e olhar para ela, não pelo caos do dia-a-dia, mas pela beleza desses seus pormenores que tanto me impressionaram!

Virei um dia, para te rever...

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Internista de serviço

Olha a sorte... Tenho muito orgulho no que me quero tornar! E este foi mais um desses momentos.
Metido por obrigação a fazer tempo dito de espera, para iniciar funções como aprendiz de Internista num outro hospital, vi-me confrontado com a necessidade de ser mais que "obstetra" numa enfermaria de puérperas, a pedido do Sr Director.
Um dos maiores e mais bonitos desafios da Medicina Interna, que cria séries de televisão e tudo, é a síndrome febril indeterminado. E sem pudores de falsas modéstias ou equivalentes de personalidade, foi com alegria que me vi com todo o espírito que deve dominar um internista e fazer uma investigação à cabeceira da doente e observá-la como o todo que é.
Qual febre escaro-nodular, qual leptospirose... Pensa assim quem não está já há longos anos dentro do que é frequente, ou possa ser orientado por uma história clínica bem dirigida. Sim porque para a Medicina Interna, a verdadeira, e não a de televisão ou de alta tecnologia, é na anamnese e exame objectivo que se encontram as respostas para um enigma que inicialmente possa ser desafiante. E no final de contas era uma simples e inócua faringite!

O todo é muito mais que a soma das suas partes.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Oh Chefe!

Faz-me sentir como um cozinheiro, ou como uma pessoa que vai a circular na rua e é abordado por alguém dentro de um carro, procurando informações... Não gosto nada da expressão, "Oh Chefe!", principalmente quando o destinatário da interpelação sou eu próprio.
A verdade é que desde há muito me chamam assim, a mim que nada tenho de líder, que não me vejo, nem verei, como chefe de nada nem ninguém. Podia fazer remontar a indisposição com esta terminologia ao longínquo ano da graça do nosso senhor de mil novecentos e carqueja, em que comecei a assumir de forma algo estúpida e irreflectida funções que nada tinham a ver com a minha forma de ser. Como é que alguém tímido poderia fazer-se afirmar em "confronto" com outros?
O que eu penso, das minhas deduções fenomenais e vazias da realidade, é que a minha postura alta e espadaúda (pois está bem, está-se mesmo a ver!), me transforma de forma natural numa imagem que não sou... de um chefe.
E todos estes pesadelos teimam em reaparecer ano após ano, mês após mês, e até agora no trabalho onde estou, onde na falta de seniores, fui designado e mesmo imposto, pelos meus pares, como "autoridade" pouco autoritária de coordenação e orientação terapêutica e diagnóstica, numa área que pouco ou nada domino da Obstetrícia.

Nem de mim sou, quanto mais de outros...

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Sorte a mudar... amor a acabar

Que coisa estranha me foi acontecer! Imbuído no espírito das tarefas a fazer antes de sair de Lisboa, lá fui eu descobrir o vício do jogo e partir até ao Estoril para "investir" umas coroas...
Sou daquelas pessoas que nunca ganhou nada... melhor, uma vez há uns 7 anos, fui galardoado com uma bebida espirituosa numa dessas rifas de festa popular! E mesmo nessa altura, com esse prémio, nem sei se acabou por ser sorte, dado o meu estado abstémico que sou. Antes viesse o presuntinho do primeiro prémio, mas seria exigir muito da sorte!
Mas desta vez não me pude queixar! Primeira vez de investimentos num casino, sorte grande a rolar. Quer dizer, grande grande não foi... Que se afastem os oportunistas e amigos de conveniência, porque o rappel total do investimento foi só de 57 euros! Se não fosse o aborrecimento que foi "puxar" um par de vezes a manivela para fazer rodar a slot machine, e pela qual me custa compreender como se consegue ficar colado horas a uma máquina destas, teria continuado a jogar, quem sabe até perder por completo o lucro.
E porquê agora esta sorte? Se fosse pela voz sábia do povo, tão conhecedor da experiência da vida, seria pela pouca sorte que tenho ao amor... E sem querer entrar muito nesse domínio das forças que descobri não controlar, talvez eu seja a prova científica que falta ao empirismo popular. De facto sinto que estou tão perto da felicidade, mas com noção de que acabará em breve, e que o infortúnio, o azar, a má sorte se abaterá sobre mim.
Ao menos que me saia na sorte o Euromilhões para justificar a tão falta da mesma no domínio afectivo.

É melhor que investir em bolsa. Só é preciso sorte...

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Debaixo do mesmo céu

Dia de anos sem ti...
É difícil habituar-me à tua ausência, ao vazio em que me transformaste por teres partido e só ter ficado com a tua voz tremida das chamadas telefónicas e aguardar que mudes de ideias e voltes depressa no egoísmo que sinto e que não te escondo.
Certos dias reparo em mim a olhar para as estrelas, as mesmas que vês sob o céu onde vives e penso como estás feliz, nos objectivos que diariamente conquistas e sei, por fim, que toda a distância é afinal pouca debaixo do mesmo céu em que estamos e que por isso estaremos sempre próximos.

Tem um óptimo dia de anos. O meu foi por “10 minutos” excelente!

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Ralham as comadres...

Como é curioso e até engraçado, o mundo esquizofrénico da política. Tudo é silêncio quando entre os dois maiores partidos tudo está de acordo. Ora toma lá um tacho para ti, ora fica outro a seguir para mim, resultando um silêncio absurdo desta equação quase matemática. E até parece ter algum sentido democrático, esta divisão equitativa dos tachos… O problema é que o país não é só PS e PSD, nem restantes partidos, e suas respectivas vontades políticas, que em tantas ocasiões atropelam direitos, deveres, instituições e acima de tudo, o respeito pela população fora do "sistema".
E é quando por questões, na minha opinião, menores e em que o natural seria não haver envolvimento político, como o assumir de liderança de instituições privadas, que se descobre esta verdade, que se conhece desde sempre, mas que se ignora por tão obscura tentar ser, e se compreende a fundo como esta oligocracia funciona.
É de facto lamentável ver pessoas, que deviam ser exemplo de dignidade e patriotismo, razão pela qual todos os que se sentissem vocacionados seguissem uma carreira política, e até porque não, "profissional" e servir os interesses do país ao invés, de se usarem de uma posição privilegiada do "passa por cima de tudo" para servirem os seus mesquinhos próprios interesses.

...descobrem-se as verdades!
(ditado popular)

terça-feira, janeiro 08, 2008

Mãe só há uma!

Para celebrar mais um aniversário da minha querida mãe, aqui vai uma pequena e velha história para mostrar a unicidade dessa pessoa pela qual entrámos na nossa vida, pelos qual rimos pela primeira vez, pela qual criámos uma dependência para a vida!

A professora mandou fazer uma breve composição para o dia seguinte sobre o tema "Mãe, só há uma". Na aula seguinte pediu a três alunos para a lerem.
Luisinho: - "Quando eu era mais pequeno, fui passear com a minha mãe e então ela parou para ver uma montra e eu atravessei a estrada sem olhar. Veio um carro e quando estava quase a ser atropelado, a minha mãe salvou-me. Mãe, só há uma!"
- "Muito bem, Luisinho!", exclama a professora.
Pedrinho: - "A semana passada fui com a minha mãe à praia e fui tomar banho ao mar. Veio uma onda e arrastou-me. A minha mãe foi a correr buscar-me e salvou-me. Mãe, só há uma!"
- "Óptima, Pedrinho!", reforça a professora. “E agora tu Joãozinho."
Joãozinho: - "Eu ontem estava em casa a fumar um charro e a ver um filme pornográfico com a minha mãe. Ela pediu-me para ir buscar duas bejecas ao frigorífico, uma para mim e outra para ela. Fui lá. Mãeee?! Só há uma!!"

Amo-te muito Mãe!

segunda-feira, janeiro 07, 2008

E lá vais outra vez...

Partiste. Voltaste para casa, que se torna mais tua, cada vez que decides voltar.
Tinhas vindo somítico, com a cabeça por lá e todo este tempo contigo tentei fazer-te esquecer Munique, fazer esquecer o que lá pensaste deixar. E, apesar das frequentes recaídas, pensei ter conseguido atenuar a tua dor.
Ficava triste sempre que dizias, a quem perguntava, que irias ficar para sempre por lá, mas como te amo muito, só tenho que te compreender, e ficar feliz por te sentires feliz. Ficarei, sempre que fores, na esperança de uma visita que não tarde muito.

Boa viagem, meu irmão!

domingo, janeiro 06, 2008

Olha que lata!

Que situação, no mínimo engraçada!
A minha mãe, que me está sempre a dizer para ter cuidado com o que escrevo, para ponderar bem as palavras que ponho no blog, que ela lê à revelia, vem-me pedir agora para fazer uso dessas mesmas palavras para lhe escrever uma espécie de nota informativa sobre a festa de final de período da escolinha, para o jornal local...
Ora até aqui, para além da lata em pedir os "meus recursos" para seu benefício e de eu até recordar agradavelmente os tempos em que fui um bocadinho jornalista no "Frontal", para além de tudo isso, o mal é que eu não estive na dita festa. E como fazer a cobertura jornalística de um acontecimento que não presenciei?
Mas, para não defraudar expectativas, sobretudo da minha mãe, lá comecei com ideias gerais, comuns a tantas outras festas, recordando as minhas dos tempos de escola primária. E feita a fraude, e com o agrado da minha mamã, lá me voltei eu para a minha escrita, mais verdadeira, de "festas" que eu me farto de viver e presenciar...

Por ti mãe, até invento o Mundo!

sábado, janeiro 05, 2008

Terra molhada

Como é agradável o cheiro da terra seca molhada pela primeira vez, o murmúrio das lágrimas divinas que a alimentam o chão sedento, o beijo aquoso da chuva que toca delicadamente o pó, trazendo vida.

E apesar de não ser o que se passa nesta altura do ano em que estamos, foi igualmente agradável voltar ao trabalho no campo, sentir o seu contacto próximo, a sua presença trabalhosa, mesmo sob a queda constante dessa "chuvinha molha-tolos", e de um frio que faz parar os dedos, as mãos o corpo e que convida mais a um saboroso ficar por casa.
Mas como trabalho nunca fez mal a ninguém, é sempre mais reconfortante o regresso a casa, um banho quente que parece saído do paraíso, que com suavidade nos massaja cada um dos grupos musculares e deixa a pele sedosa e a deliciosa lareira que parece aquecer mais a alma que o corpo e lhe renova a força para continuar a viver.

Já fazia falta a vida, já fazia falta a chuva...

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Ano Comum

Com mais uma circular que caiu lá de cima do ministério, aos trambolhões como tantas outras e que nem se sabe bem até que ponto se deve levar a sério, ficámos a saber que o Ano Comum, afinal só acaba no dia 31 de Janeiro...
Como diria um grande amigo e com imensa sapiência do dicionário, comum do latim commune, como adjectivo, "normal, trivial, vulgar" ou como substantivo masculino, "o geral, a maioria, a vulgaridade".
E para confirmar o carácter perfeitamente vulgar e incomum deste ano, que começou tarde e sem qualquer organização, e onde ainda fomos rotulados de "jovens... irreverentes...", unicamente pela vontade expressa de enquanto médicos querer contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população portuguesa e lutar por um acesso universal a todos os cidadãos e garantir uma eficiente cobertura em recursos humanos ao nível dos cuidados de saúde.
Enfim... já se espera tudo de ministros e secretários que sem qualquer sensibilidade decidem como ditadores sobre a saúde nacional e fazem ouvidos moucos às verdadeiras necessidades nacionais.

"Seria importante que os Portugueses percebessem para onde vai o País em matéria de cuidados de saúde."
Mensagem de Ano Novo do Presidente da República Portuguesa, Cavaco Silva de 2008

terça-feira, janeiro 01, 2008

2007

Com o primeiro dia do ano e com a "loja fechada", podia ficar aqui horas a fazer um balanço daquele que foi o ano que passou. Mas não o irei fazer...
Não falarei como foi o meu primeiro ano de trabalho, porque foi comum, como o Ano Comum que foi. Não falarei de amores e desamores, porque este ano deu para tudo, para cisões de anos e até para uma fase de estúpida superficialidade. Não falarei de coincidências, porque bendito seja o número 7 tal como o do ano que passou, porque me trouxe muita infeliz Felicidade. Não falarei das tristezas nem das alegrias deste ano e que foram tantas. Não falarei das decisões que acabaram por dar um rumo à minha vida, nem das outras que nada a modificaram.
Não vou falar de nada disso, porque com acabar de 2007 fechou-se um ciclo da minha vida e com o novo ano que agora começa, quero recomeçar uma nova vida, nem que seja com os problemas antigos, mas que espero agora com determinação renovada conciliar, porque resolver sei que, para grande parte deles, não está ao meu alcance.

Bom Ano Novo de 2008 a todos!