Faleceu recentemente um dos meus tios. Um dos mais próximos e queridos da nossa família nuclear. O que me fez refletir sobre o fim. A finitude de tudo. O fim da vida, o fim de relacionamentos, o fim de fases de vida que agarramos com força como à própria vida e que por vezes, morrem de forma precoce, contrariando a ideia de imortalidade do projecto primordial.
O fim, como o luto que daí advém, torna-se um processo íntimo de introspecção em que nos revemos vezes sem conta a reviver o que poderíamos ter feito de forma diferente, para conservar a "vida" que naquele momento termina.
Que fizemos para impedir o trágico desfecho? Tentámos corrigir-nos, adaptarmo-nos à mudança inevitável e em marcha, ou tentámos acelerar o processo de morte, eutanasiando precocemente o fim?
E é culpa que sentimos. Remorso de não ter suspendido ou revertido o processo de degradação e morte.
Ou alívio por ter cessado finalmente todo esse sofrimento que num fim mais ou menos anunciado vínhamos a sentir.
E no fim a solidão que nos espera, pela perda contínua e recorrente de tudo o que vivemos e deixámos morrer.
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