quinta-feira, novembro 03, 2022

Triângulo

 Como me tornei tão cego, pelo amor que sinto por ti?

Como não percebi que o que sentes por mim, não é mais que um afecto que te deixa segura, que te dá conforto, mas é um sentimento mais forte por outro que te dá vida. Que te dá um sentimento de aventura e desafio que gostas se sentir e viver.

Um perfeito triângulo de sentimentos, em que eu me entreguei completamente a ti, sem reservas, numa atitude até de servidão. E tu com uma necessidade de total entrega a ele, com as tuas dúvidas e receios de quem não quer perder tudo.

A ele, que se encontra distante, tão longe quanto se possa estar, numa perfeita ignorância de ti, mas que te deixa com um desejo louco de estar com ele.

E vivo. Vivo com o sentimento que sempre guardei para mim, de um sofrimento interior que me consome e me vai destruindo aos poucos, até nada mais sobrar do que é meu, de respeito e amor próprio.



«O triângulo amoroso – essa figura geométrica geradora de emoções frequentemente dolorosas (ciúme, sentimento de culpabilidade, sentimento de ser um traidor, baixa de auto-estima, etc)- se o imaginarmos encenado, inclui 3 personagens:

O Traidor

Este actor é “aparentemente” o que decide implicar-se nesta configuração. Trata-se de uma alma dividida, à procura de integração. Uma situação difícil a afrontar mesmo se à superfície o Traidor professa o liberalismo. Raramente o ouviremos dizer “Sinto-me dividido”, muitas das vezes justificando o seu acto queixando-se do seu parceiro (a)… nomeadamente à pessoa com a qual consome a traição.

Pode, a título de exemplo, fugir de um parceiro(a) cujas necessidades emocionais considera asfixiantes, esforçando-se por não ver que, na realidade, o seu parceiro é o espelho da sua própria dificuldade em defrontar a solidão… ou o espelho de partes de si sub-desenvolvidas que precisam de crescer.

A Pessoa Traída

É “aparentemente” a pessoa que não consente mas pode levantar-se a questão da conivência inconsciente. A Pessoa Traída está em princípio persuadida de ser leal. É portanto dela que se espera a expressão de dor, de ciúme e de humilhação… o que, na realidade, pode não ser completamente verdadeiro. Pode dar-se o caso de que este personagem, tal como os dois outros, tenha em si próprio uma faceta de si que”trai”: por exemplo a sua integridade, a honestidade consigo mesma ou a honestidade em relação ao seu parceiro(a). Como ela é “passiva” no triângulo, o fenómeno é não consciente e só quando “vir” a traição é que terá a oportunidade de se tornar consciente disso.

O Instrumento da Traição: a Terceira Pessoa (TP)

Geralmente considerado como o Predador, este personagem é o instrumento da traição e o mau da fita, sobretudo para aqueles que constituem um casal e que receiam pelo seu futuro.

A Terceira Pessoa pode, por seu turno, ser traída pelo Traidor que pode “virar a casaca” deixando de proferir frases encorajantes como “Não há mais nada entre mim e ele(a); Já não suporto mais isto ou aquilo”, justificativas da existência do papel da Terceira Pessoa.

A armadilha para a Terceira Pessoa consiste em desvalorizar a importância da ligação já existente. Este processo ingénuo acarreta então a desilusão e o sofrimento no dia em que a Terceira Pessoa descobre que afinal a ligação do amado com o cônjuge não desejado é mais forte do que o Traidor – e a Terceira Pessoa – queriam admitir.

TP torna-se então instrumento de manipulação e é instrumentado(a) para resolver a crise entre os dois parceiros, Traidor e Pessoa Traída.


Nos triângulos amorosos há fortes possibilidades de todos saírem magoados e todos perderão de alguma forma. O Traidor acaba por escolher, perdendo ao mesmo tempo que ganha alguma coisa. A vitória é amarga para a Pessoa Traída porque ela vai recuperar um parceiro extraviado. Se é a Terceira Pessoa que ganha a batalha, ela conduziu alguém a fazer uma escolha dolorosa o que pode acarretar sofrimento e ressentimento.

(do Blog Au Royaume Amoureux)»


Nos triângulos amorosos há fortes possibilidades de todos saírem magoados e todos perderão de alguma forma.

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