É muito difícil acordar todas as manhãs e ter uma rotina diária em tudo igual ao dia anterior.
Entre o acordar já com uma violenta dor cervical de uma postura viciosa, os 20 minutos para higiene diária e 5 minutos para pequeno almoço, a "vida", ou falta dela, começa religiosamente às 9 horas (pode ser tarde, mas tenho de fingir descansar). Segue-se o primeiro round de luta contra a falta de vontade e a favor da obrigação de estudar, que variavelmente se extende até cerca do meio dia e meio, altura em que o chefe de cozinha toca a rancho. Mesmo a mais amarga das refeições é um momento agradável para distração.
Às 14 horas, chega o segundo round. Este é o mais longo, mas também aquele em o a knock-out está mais perto de acontecer. Nada que não se consiga eliminar com uma ou outra corrida até ao frigorífico mais próximo, para muitas vezes ser aberto e reaberto sem que nada seja tirado do seu interior (que desperdício de energia...). É nestes momentos que não sei se é para manter a pouca sanidade mental que julgo ainda me restar ou se já é a loucura a dominar o meu dia-a-dia.
Mas eis que a contagem do combate é interrompida por mais um sagrado momento familiar, o jantar. Aproveito agora para olhar um pouco para o mundo e perceber que parece ser em vão a vontade de querer salvar o mundo, tamanha é a miséria e o estado de sítio constante de grande parte da crosta terrestre.
Mas como um condenado a perpétua que se ilude com a ilusão de um dia ser livre, eis que chega o terceiro e último round do combate diário. Neste, grande parte das vezes, sou já incapaz de erguer os punhos e dar alguns socos, limitando-me a ser um saco de boxe, espremido até à última gota de lucidez diária (que descobri ser limitada).
Mas de vez em quando, deixo o Sol entrar pelo friso da minha cela, faço a barba e aproveito a liberdade condicional do Domingo, dia do Senhor, dia de descanso, dia em que gosto de respirar, gritar e acreditar que tudo vai passar e novos e agradáveis dias irão chegar, mas não, sem antes, voltar à rotina de...
...Entre o acordar já com uma violenta dor cervical de uma postura viciosa, os 20 minutos para higiene diária e 5 minutos para pequeno almoço, a "vida", ou falta dela, começa religiosamente às 9 horas...
Entre o acordar já com uma violenta dor cervical de uma postura viciosa, os 20 minutos para higiene diária e 5 minutos para pequeno almoço, a "vida", ou falta dela, começa religiosamente às 9 horas (pode ser tarde, mas tenho de fingir descansar). Segue-se o primeiro round de luta contra a falta de vontade e a favor da obrigação de estudar, que variavelmente se extende até cerca do meio dia e meio, altura em que o chefe de cozinha toca a rancho. Mesmo a mais amarga das refeições é um momento agradável para distração.
Às 14 horas, chega o segundo round. Este é o mais longo, mas também aquele em o a knock-out está mais perto de acontecer. Nada que não se consiga eliminar com uma ou outra corrida até ao frigorífico mais próximo, para muitas vezes ser aberto e reaberto sem que nada seja tirado do seu interior (que desperdício de energia...). É nestes momentos que não sei se é para manter a pouca sanidade mental que julgo ainda me restar ou se já é a loucura a dominar o meu dia-a-dia.
Mas eis que a contagem do combate é interrompida por mais um sagrado momento familiar, o jantar. Aproveito agora para olhar um pouco para o mundo e perceber que parece ser em vão a vontade de querer salvar o mundo, tamanha é a miséria e o estado de sítio constante de grande parte da crosta terrestre.
Mas como um condenado a perpétua que se ilude com a ilusão de um dia ser livre, eis que chega o terceiro e último round do combate diário. Neste, grande parte das vezes, sou já incapaz de erguer os punhos e dar alguns socos, limitando-me a ser um saco de boxe, espremido até à última gota de lucidez diária (que descobri ser limitada).
Mas de vez em quando, deixo o Sol entrar pelo friso da minha cela, faço a barba e aproveito a liberdade condicional do Domingo, dia do Senhor, dia de descanso, dia em que gosto de respirar, gritar e acreditar que tudo vai passar e novos e agradáveis dias irão chegar, mas não, sem antes, voltar à rotina de...
...Entre o acordar já com uma violenta dor cervical de uma postura viciosa, os 20 minutos para higiene diária e 5 minutos para pequeno almoço, a "vida", ou falta dela, começa religiosamente às 9 horas...

Cada dia mais do mesmo, Isolamento.