sábado, novembro 30, 2024

Silêncio que fala

Todos temos momentos na nossa vida em que ficamos totalmente desarmados, impotentes e não sabemos como falar ou agir. Em que é no silêncio das nossas palavras interiores que tentamos encontrar as respostas.

Nos últimos dias tenho estado no olho de uma tempestade, daquelas que fazem abanar os mais fortes alicerces da casa em que habitamos, nós próprios. Um turbilhão de pensamentos e discussões interiores, entre o ser seguro que pensava ser e o animal aparente irracional em que agora me vejo a mutar. E anseio por essa bonança que vem depois dos dias piores, para que na serenidade e afastado de qualquer sentimento mais impulsivo possa fazer juízo entre o que é realidade ou fruto da imaginação.

"- Fogo... tens noção do que me apetecia?

- Consigo facilmente imaginar."

Será que consigo mesmo imaginar? Não será porventura só o desejo que me domina? Como se dentro de mim houvesse esse sacana filho da puta, que se aproveita da fragilidade humana, das inseguranças e incertezas e que faz despertar um incerto sentimento de paixão, que mais não é que um frio sentimento de estar, sentir e viver, nessa forma estuporosa de existência.

Como seria bom que tudo fosse mais fácil falar. Que conseguíssemos calar o silêncio e falar abertamente e sem rodeios, sem querer ferir ou magoar.

No silêncio falei. Falei, como sempre, com quem está e sempre esteve a meu lado. Das minhas inseguranças e incertezas. Dessas que julguei tantas vezes já ter ultrapassado, no homem mais maduro em que pensei me ter tornado e que agora, se perdeu, nessa loucura de vida. Falei com a certeza que é em ti que encontro a minha felicidade, que vai além dos desgostos amargosos da vida, dos devaneios tempestuosos que nos arrasam e em que vemos necessidade de nos reconstruir.


És o meu porto de abrigo

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