sábado, julho 28, 2007

Boa escolha

Já me tinhas falado nesta criatura divina, mas tinha de ver com os meus olhos essa beleza que te tinha enfeitiçado. Realmente, não somos nós que escolhemos o nosso amor, mas sim este que tem as suas manhas para nos agarrar com tamanha força que nos chega a estrangular. Mas neste caso, abençoada a sua escolha!
Prepara-te sim, para os momentos de sofrimento, para os dias a desejar ouvir um pouco da sua voz, sentir a sua presença, ou somente viver para não nos sentirmos esquecidos nem por um segundo só. Mas é então que nos apercebemos das nossas fragilidades, de como nos tornámos tão dependentes de outrem, e de como na nossa miserável condição nos sentimos eternamente felizes, na esperança de que lá dos céus, onde vivem estes frutos de criação divina, caia um simples olhar ou palavra que nos complete na felicidade e ter a vontade de não mais acordar do sonho que é uma mulher que amamos.

Que a força invencível do amor esteja contigo!

Humani Corporis

Custou mas foi. E mais uma vez, teve que ser o impulso da necessidade para fazer o que sempre quis. Aproveitei a companhia de um amigo que veio a Lisboa de propósito, para ir visitar a exposição de anatomia "O Corpo Humano como nunca o viu".
Bem a parte de "...como nunca o viu..." não é propriamente verdade, nem que fosse só pelo suplício passado nos dois primeiros anos de curso. Mas na generalidade a exposição estava bem concebida, tornando aprazível e mesmo de forma muito artística a mostra de peças de dissecção que noutras circunstâncias poderiam induzir o repúdio, de pessoas mais sensíveis, quase representação em três dimensões dos esboços do grande pintor daVinci e do seu contemporâneo Vesalius criadores das primeiras impressões da magnificência do corpo humano, e que até aos dias de hoje são consideradas jóias da expressão plástica e verdadeiros tesouros anatómicos.
E o mais engraçado é que percebi que após tantos de anos de saudável esquecimento ainda me lembro da anatomia humana, com pormenores que inconscientemente recalcava. Só de lamentar a escassez de peças, e a pouca informação que as acompanhava.

Somos sem dúvida uma máquina bem construída.

domingo, julho 22, 2007

Saco Azul

Quem pensava que só na política, desporto e restante área finaceira se pagavam luvas, se contribuía para um saco azul, se metiam cunhas, está profundamente enganado. Até em serviços, aparentemente inofensivos, há a entrega de dinheiro para satisfação de certos favores.
A história começa em mais uma das muitas viagens de autocarro "intercidades", em que durante tanto tempo viajei e de certo viajarei. De acordo com o horário pré-estabelecido pela empresa transportadora e segundo a lei que regula o sector, estes não podem fazer paragens, não estipuladas. Mas na realidade, frequentemente os autocarros fazem paragens em estações de serviço espalhadas pelas auto-estradas. Até aqui, nada de muito inconveniente, não fosse a vontade de chegar rapidamente ao destino, com o mínimo de tempo perdido, para aliviar o sofrimento das viagens de longo curso. O que me descompôs, foi ver, por mero acaso, que os motoristas recebem por fazer parar os seus veículos nestes locais. Isto é que é intolerável. Com as suas "paragens técnicas" de 15 minutos, lá aproveitam para encher grão a grão o seu saco azul. Tudo isto sem haver uma fiscalização desta actividade.
Mas estando nós num país habituado a favores, cunhas, atropelos e demais abusos, nada destas e tantas outras situações nos deve já surpreender.

Até nas insignificâncias há actividade ilícita.

terça-feira, julho 17, 2007

Regresso

Após um ano, volto ao Hospital de Santa Cruz, agora na condição de médico interno. Mas pouca coisa mudou. Continuo o mesmo, e pelos vistos, também o Hospital, as pessoas e os seus costumes. Lembro-me de na altura escrever um post sobre a actividade clínica praticada, com uma obstinação terapêutica como não vi em nenhum outro hospital, frequentemente na forma de distanásia, e assim se mantém, como deu para perceber logo no primeiro dia.
Mas algo que igualmente me recordo, é da "qualidade" das secretárias e enfermeiras dos diversos serviços, escolhidas a dedo, de certo por homens com excelente gosto!

É sempre bom revisitar velhos conhecidos.

domingo, julho 15, 2007

Nova Onda

Já tinha ouvido falar, mas não tinha percebido, sem que me tocasse a mim em particular. E a mãe que outrora viu partir as suas irmãs, viu agora partir um dos seus filhos...
Falo da nova onda de emigração, desta vez mão-de-obra qualificada, de verdadeiros talentos. Mas é fácil de compreender, com a falta de reconhecimento nacional, com as condições de trabalho, com toda a desorganização institucional. Espero é que como
tantos outros em outros tempos, também regresses nem que seja de vez em quando, com um sotaque refinado, para recordar velhos tempos e velhos amigos, até que um dia possas voltar para gozar o sol de descanso deste maravilhoso país.

Aqui terás sempre um tecto.

segunda-feira, julho 09, 2007

Escolhas

Cada um escolhe o caminho que quer percorrer, a sua liberdade, as opções que acaba por tomar. Aos olhos dos outros parecem ser por vezes erradas, mas é o tempo que melhor lhes dá vida e qualidade.
Mas comeste um grande erro. Ao teres esta pequena fragilidade sentimental, deixaste-me espreitar por esse teu telhado de vidro, para confirmar o que desde sempre desconfiei. E nem a encenação serviu para me toldar a visão da tua escolha, que por mais que pense e diga errada, é tua. E por te querer tanto bem, de certo muito mais do que esses que se dizem teus amigos, amores ou amantes, te digo, escolhe bem o caminho, pensa em ti, no futuro que queres e sai dessa tua caminhada de autodestruição em que te envolveste, porque tu mereces muito mais.

Cada um escolhe o caminho que quer seguir.

O que escrevo

O que escrevo não tem qualidade nenhuma. Serve para distrair, para lutar contra demónios interiores que me fazem por vezes querer expulsá-los.
Podia fazer do meu blog, um daqueles diários de bordo que contam em pormenor o dia-a-dia, mas seria tão enfadonho e repetitivo que eu próprio evitaria visitar-me. Podia inclusive, lembrar casos particulares da minha profissão, mas seria difícil falar tantas vezes do confronto com a morte, com o medo, enfim, a batalha permanente contra a indiferença, o esquecimento.
Por isso escrevo sobre banalidades, uma espécie de literatura cor-de-rosa, tal livro de Margarida Rebelo Pinto, sem profundidade, mas que entretém ocasionalmente. E assim, passam-se dias, quase meses sem "postar" nada de jeito, até que ocasionalmente, em acto de pura loucura, inicio períodos de uma quase escrita automática, em que escrevo sobre qualquer coisa que me passe pela minha tão vazia cabeça e que por tão confusa ser, precisa da sua digna correcção em momentos de maior serenidade. É nessas alturas que publico um sem número de posts. São as minhas...

Memórias inconsequentes.

sábado, julho 07, 2007

777

Não é o novo avião da boeing... É esta data, tão mágica. O número 7 é muito provavelmente o favorito de muitos. E para o comemorar, votam-se as novas sete maravilhas da humanidade. Ou serão seis, uma vez que as pirâmides Egípcias permanecem de pé?
O importante é que toda esta votação não se transforme em mais um lobby, tal festival da eurovisão, em que ganha o mais influente, o que paga mais, e nem sempre o que maior qualidade tem. Enfim, já se condicionou a votação à partida, esperemos o resultado final. Pena foi, não ver nenhuma das maravilhas naturais do mundo, essas sim esculpidas por milhares de anos de artistas de força sobre humana, e que ficariam certamente a milhas de distância, em votos das construções desnaturalizadas.

Nada é mais belo do que a Natureza! Só o amor...

quinta-feira, julho 05, 2007

Cidade Berço

Parece impossível ter de esperar um "almude" de anos para conhecer essa magnífica cidade que como diz de forma bem expressiva, viu nascer Portugal. Não este Portugal podre de vícios políticos, que artistas parecidos saídos dos village people tentam afundar, mas esse que outrora se elevou como o maior entre tantas nações.
E apesar de valer bem a pena, nem foi a própria cidade que me levou a visitá-la, mas para reencontrar um velho colega de armas. Pois é, Guimarães. Com o seu centro histórico, Património da Humanidade, é das mais belas cidades que até então conheci. Para voltar e "revoltar", certamente! Podia tentar descrever algumas das visões que encontrem, mas é precisamente nestes casos que as imagens falam por si...

Obrigado meu amigo!

domingo, julho 01, 2007

Férias

Finalmente algum descanso após 6 meses de rotinas diárias no hospital, se bem que só por uma semana.
Adoro o que faço, cada vez mais me sinto parte integrante do meu próximo, ajudá-lo a superar a doença, mesmo em certas ocasiões a enfrentar a morte. Mas também é preciso por vezes parar para relaxar, encontrar o mundo de outra forma, para depois voltar à vida que escolhemos como nossa e abraça-la ainda com mais força. E como um doente me dizia há uns dias, e que me deixa com vontade de correr já para Lisboa...

"Acho muito bem que tire férias. Mas se dependesse de mim, não deixava e queria-o sempre a trabalhar!"